A propósito do post anterior, assomou-me uma recordação à mente. Era inverno e, apesar de ser ainda cedo, já tinha anoitecido. Ela estava num estado de embriaguez avançado, confirmado na plenitude pelo conjunto de palavrões que, com a voz arrastada, já tinha proferido. Eu decidi que seria melhor deitá-la e tentar que adormecesse. Ajudei-a a vestir o pijama e tentei enfiá-la na cama sem que fosse causado qualquer acidente. Antes de me permitir que a deitasse, sentou-se na cama e olhou-me fixamente. Sem pestanejar, disse-me em voz alta, quase em jeito de ordem:
"- Nunca compitas com nenhuma gaja por causa do teu homem. Se ele te puser numa situação dessas, manda-o foder com puta que o quer e arranja outro. Não há nenhum gajo no mundo que mereça que desperdices um pingo que seja da tua dignidade. "
Disse-lhe que sim, sem perceber o verdadeiro alcance do que me estava a dizer, e fiz com que se deitasse. Na altura era muito miúda e as suas palavras soaram-me a conversa de bêbado. Hoje faço disso filosofia de vida.
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