terça-feira, 30 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

Nos últimos dias estive por aqui.


 E aqui, o tempo corre muito muito devagar.

Os livros da minha vida

Há algumas coisas na minha vida que são estruturantes e sem as quais eu seria uma rapariga muito infeliz. A leitura e os livros pertencem a esse conjunto de coisas.
Cada vez que entro numa livraria, sinto-me como fosse uma criança numa loja de doces. Percorro os corredores, observando atentamente os escaparates, procuro novos autores, folheio aquele livro que tinha uma crítica favorável naquela revista, tento descobrir alguma pechincha de um dos meus autores favoritos...e claro, na maioria das vezes não saio sem comprar algo. Há quem diga que eu tenho o vício de comprar livros. Eu não lhe chamaria vício, mas admito que está muito perto de o ser. E por isso, a minha biblioteca já tem alguma dificuldade em encaixar-se nas estantes cá de casa.
Durante a infância e adolescência devorava todos os livros que me apareciam à frente. Nunca saía de casa sem um livro, e sempre que tinha algum tempo livre, lá estava eu a ler. Agora que sou mais crescida, agora que tenho menos tempo livre, os meus hábitos de leitura modificaram-se. Dispenso menos tempo à leitura, e apenas leio apenas os livros que me conseguem prender a atenção.
Durante a minha vida, tive oportunidade de ler centenas de livros. Alguns muito bons, alguns medianos e outros tão fracos, que me pareceria impossível que alguém os tivesse escrito e que outro alguém os tivesse editado. E isto leva-me à questão pela qual este post surgiu. O que é que eu aprecio num livro, mais concretamente  num romance? O que é preciso para que um livro me prenda a atenção e me faça passar um noite sem dormir? Quais são os livros da minha vida?
Como resposta à primeira pergunta, poderia referir um série de factores; personagens fortes, um enredo dinâmico, acontecimentos imprevisíveis... Mas no fundo, aquilo que realmente me prende e torna um livro especial, é a capacidade do autor, com a sua escrita, para me transportar para o local, para o tempo que descreve, fazendo-me sentir parte daquela narrativa.
Quanto aos livros da minha vida, e quebrando as minhas próprias regras, refiro-lhes apenas três. Os dois que ficam a faltar, ainda não os li.
Os meus livros:

- Ensaio sobre a cegueira - José Saramago. Neste livro, o autor parte de uma situação hipotética, para nos convidar a analisar os vícios e  contradições da sociedade. E se, um dia, acontecesse num país qualquer uma epidemia de cegueira. Como reagiríamos? A narrativa é a resposta a esta questão. O final é inesperado. Tal como a maior parte dos livros do José Saramago, também este é um livro escuro, duro e pejado de crueldade. As suas personagens são imperfeitas, intensas e perturbadoras. A narrativa é tão minuciosa que, apesar de irreal, nos transporta para um mundo que poderia existir a seguir à porta da rua.

- O livro das ilusões - Paul Auster. Uma mulher atormentada mas poderosa transporta o narrador e os leitores para o mundo mágico de um actor de cinema mudo. Essa mulher chama-se Alma Grund. À boa moda do Paul Auster, este é um livro que conjuga um mundo real com um mundo paralelo, onde acontecem as situações mais inimagináveis. É impossível parar de o ler. E quando acaba, apenas desejamos que exista um segundo volume.

- Memórias de Adriano - Marguerite Yourcenar. Nada do que possa dizer faz justiça a este livro. Como indica o título, retrata as memórias do imperador romano Adriano. Se nos esquecermos que a autora é uma mulher, acreditamos que é uma autobiografia, escrita por um homem que conduziu um império e que amou intensamente. Os pormenores relatados transportam-nos para o local e o tempo onde viveu, fazendo-nos reviver os acontecimentos de forma intensa e arrebatadora.

E para rematar, queria apenas dizer-lhes que não consigo compreender as pessoas que dizem que não vale a pena ler um determinado livro, porque já   feito um filme baseado no mesmo. Quando leio um livro, o filme vai sendo feito ao mesmo tempo. Comigo, apenas tenho o guião, e sou livre para fazer o casting, escolher os actores, produzir a cenografia e o guarda-roupa, e realizar o filme. E o operador de câmara é o reduto da minha imaginação.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Estrutura

O mar ao longe

Da janela da minha casa vê-se o mar. 
Há quem diga que eu estou a alucinar, quando afirmo tal coisa, e que não se vê mar nenhum. Há quem diga que eu vejo mesmo muito mal ao longe, e que aquilo que digo ser o mar, não é mais que uma sombra. Contra tais declarações, eu continuo a  afirmar veementemente que, apesar dos cerca de 10 kms que separam a minha casa da linha costeira, da janela do meu quarto eu consigo ver uma nesga de mar. E é exactamente nessa pequena fatia de mar que eu vejo da janela do meu quarto, que nesta altura do ano, tempo em que o inverno começa a dar lugar à primavera, o sol se põe, enterrando-se e desaparecendo calmamente linha do horizonte.
E no momento exacto em que o sol se prepara para começar a descer sobre o lençol de água salgada, naquele momento em que o dia se transforma em noite, em que o céu azul se transforma num manto de ternura acobreada e laranja, em que as pequenas nuvens brancas se tingem de um degradé de vermelhos e amarelos, nesse exacto momento, o meu pedaço de mar dá lugar a um espelho dourado, que emana uma luz capaz de encandear as criaturas mais incautas, capaz de encher de alma um peito vazio. Se noutras alturas poderia ter dúvidas, nesses dias, afirmo convictamente:
- Da janela do meu quarto vê-se mesmo o mar.
São os privilégios de quem mora no topo do mundo.

Crescer

Quando somos criança, tudo é vital, só existe o indispensável.
Quando crescemos, abandonamos esta ideia e somos capazes de compreender que há o essencial e o acessório.
No entanto, apenas nos tornámos realmente adultos quando compreendemos que, apesar de ser o acessório o que realmente interessa, nos momentos cruciais escolhemos o essencial.
Por isso é tão difícil crescer.
Por isso, muitos de nós ficam para sempre na infância.

domingo, 14 de março de 2010

Primeiro balcão

(não consigo cansar-me do meu pôr-do-sol)

sábado, 13 de março de 2010

Desafio "os livros da minha vida"


Boa noite,

O meu nome é Maria Fonseca. Desde Agosto de 2009, tenho vindo a publicar alguns textos e fotos da minha autoria no blog Vida(s) Urbana(s), como a maioria de vocês já sabe. Sim, porque este mail está a ser enviado para um conjunto de pessoas, mas por uma questão de privacidade, os endereços estão em Bcc.
Mas vamos ao que interessa. Com esta coisa do blog, tenho conhecido no mundo da blogosfera, algumas pessoas muito interessantes. Um destes dias, lancei um desafio a uma dessas pessoas, o António, que prontamente mo devolveu. E assim ficamos ambos desafiados.
Hoje, num daqueles momentos de ócio, em que tudo nos passa pela cabeça, lembrei-me que seria muito mais interessante se expandissemos o desafio a outros bloguers. E por isso, certa que o António não se importará, resolvi escrever-lhes, para lhe lançar o referido desafio. E também para os desafiar a desafiar outros, e desafiar a desafiar outros a desafiar outros...
Então o desafio que lhes coloco é o seguinte:
Escrevam um post, cujo tema seja "os livros da minha vida". A proposta é que escolham os 5 livros que já leram, e que mais os marcaram e façam um post sobre eles. Podem ser criticas, frases marcantes, sinopses, fotos da capa. Vale tudo. Para que tenhamos tempo para desafiar outros e ponderar sobre o que fazer, proponho que cada um de nós publique o post no seu Blog, no dia 28 de Março. Assim, será uma daquelas acções conjuntas da net, tipo cadeia.
Na wall do meu blog vou criar um espaço denominado "Os livros da minha vida" para colocar os links dos posts que me forem fazendo chegar.
O que ganham com isto? - perguntam vocês. Nada. Apenas a possibilidade de conhecerem novos livros e de saberem o qeu andam os vossos amigos a ler. Já não será pouco.
Despeço-me com cumprimentos e com esperança de respostas da vossa parte

Maria Fonseca

Há alguns dias atrás, enviei a alguns bloguers o mail que se acabaram de ler. Alguns deles já aceitaram o desafio. O Marco, que sem saber tem grande repsonsabilidade pelo surgimento desta ideia, contestou as regras propostas, dizendo que não conseguia reduzir a 5 os livros da sua vida.
Marco, não reduza. Escreva sobre quantos quiser. Aliás, escrevam todos sobre quantos livros quiserem. Afinal, este é um desafio democrático.
A publicação deste post tem como objectivo desafiar todos os bloguer a quem não enviei o e-mail, assim como os leitores que não possuem um blogue. Para os últimos, se quiserem escrever e enviar-me o texto assinado, via e-mail para alma.grund@gmail.com , terei todo o prazer em publica-lo no meu blogue.
Boas escritas e até ao dia 28...

"...sei que não vou por aí!"

sábado, 6 de março de 2010

Caminhos

Não era esse o seu plano inicial. Num repente, chegou à conclusão que não poderia seguir pelo caminho que tinha traçado, ou que tinham traçado por si. A dada altura, já não conseguia distinguir quem o tinha feito. E portanto, decidiu mudar de planos, decidiu tomar as rédeas da sua vida e conduzi-la como bem entendia, do alto dos seus experientes 17 anos.
Quando comunicou a sua decisão, o concilio de sábios que a rodeavam deitou as mãos à cabeça, esgrimiu argumentos de peso para a demover dos seus intentos, vaticinou a desgraça. Ela teve que lutar contra a maré. E não foi uma marezinha de verão. Foi um quase tsunami. Foi uma luta árdua. Todos os esforços usados pelo opositor foram inúteis, todos os argumentos utilizados foram vãos, pois nada a demoveu. A sua teimosia, mascarada de persistência levou a melhor e ela atingiu os seus intentos, saboreando a vitória com um sorriso nos lábios.
Tinha tanto de ingénua como de teimosa, nesses dias. O seu plano era salvar o mundo. Acreditava que poderia faze-lo. Bastava que aprendesse tudo e pusesse em prática as coisas que lhe iam sendo ensinadas.
Passados quase 20 anos, compreendeu finalmente que o seu plano nunca poderia realizar-se. Não porque não tivesse aprendido, não porque não tivesse posto em prática. Mas porque, algo maior impedia o sucesso. Compreendeu finalmente que, durante todo o caminho, ninguém conseguiu  mostrar-lhe o único argumento válido, capaz de a fazer vacilar. Ninguém foi capaz de lhe mostrar que:
- O mundo não quer ser salvo...

terça-feira, 2 de março de 2010