quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Recados colados no frigorifico

Na sexta-feira começa o mês dos burros. Era capaz de me apetecer uma história.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sedução


Domingo à noite

Ganhei uma das duas última batalhas em que me meti, quase de uma assentada só. Argumentei, contra-argumentei e (re)argumentei e saí certa de que tinha perdido, não pela fraqueza dos argumentos, mas pelo diferencial de poder entre as partes envolvidas na contenda. Admiravelmente, o final do dia trouxe-me a rendição do adversário e o consequente o triunfo. Feitas as contas, com a minha vitória acabamos por vencer ambos, e ambos tivemos perfeita consciência desse resultado. A segunda altercação, com o mesmo adversário, ficou mais ou menos empatada. O tipo é duro e usa argumentos de peso. É um dos poucos que ainda me consegue acompanhar. Acreditem que não é fácil. [Como diz a minha mãe, usando sempre da sabedoria popular, comigo "o pobre pode ir sem esmola, mas sem resposta nunca irá"]. Hoje, a comunicação social deu-me razão neste segundo ponto. Por esta altura, ele estará com as mãos a acariciar nervosamente a nuca e a relembrar tudo o que lhe disse. Dirá: "Aquela senhora, mais uma vez, teve razão". Neste caso particular  a perda dele é a derrota dos dois, e mais uma vez, ambos sabemos disso. No meio de toda esta azáfama, compreendi que tenho cada vez mais motivos para acreditar na minha capacidade de leitura dos outros. Isso, e a certeza que a discrição leva sempre a melhor sobre a exuberância.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

(Re)flexões

O lugar do mundo onde me encontro neste exacto momento é fruto de uma caminhada, em que eu e apenas eu escolhi o(s) percurso(s). Sou responsável única por estar, agora, aqui. Apesar de me encontrar bem neste local, ainda penso que poderia estar muito melhor noutro diferente. E estas cogitações, à noite, em dias de chuva e tempestade, trazem-me um sabor amargo à alma.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ontem fui à cidade


De cada vez que vou à baixa ou à Boavista em dia de semana, fico cheia de saudades do tempo em que trabalhei nessas zonas e passeava à hora do almoço em Santa Catarina ou Júlio Dinis e via montras e gastava rios de dinheiro em compras. Depois recordo-me que despendia uma hora para percorrer os cerca de de 6 quilómetros que separavam a minha casa do local de trabalho, comparo com os dez minutos que gasto agora para percorrer a mesma distância e passam-me logo as saudades. Gostava de ter o melhor dos dois mundos. Raramente isso é possível.
(a fotografia não era bem assim, mas tenho aqui uns filtros e estou a achar graça à brincadeira)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

sábado, 16 de fevereiro de 2013

É a isto que se chama exclusividade?

Ainda não é altura de abandonar esta bolha espacio-tempo-emocional que me circunda e protege, para rumar a outras paragens. Quando a hora de vogar ao sabor do vento e das marés chegar, partirei. E como já se tornou hábito, não mais voltarei.

É tão fácil deformar um peito.

"Vinham ter com ele pessoas que queriam tornar-se pedintes e, com a sua extraordinária habilidade, cujos instrumentos se encontravam empilhados, aleijava cada cliente de um modo apropriado ao seu corpo. Vinham ter com ele inteiros e partiam cegos, raquíticos, corcundas  com o peito deformado ou com os braços ou pernas cortados. Adquirira aquela habilidade trabalhando num circo ambulante durante muito tempo."

A viela de Midaq - Naguib Mahfouz p. 58

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Segundas oportunidades

"Hesitar sempre foi um projecto de vida para alguns. Ser capaz de continuar a hesitar até ao fim, eis o difícil. Por vezes, um homem chega ao meio da vida e desata a correr como se soubesse para onde vai. Outros não o fazem, e a sabedoria é isto: no momento da partida excitante e rápida pára-se para apertar os atacadores. Hesita-se por falta de equipamento para a decisão. Não estou equipado para a prática desportiva da decisão. Eis, pois, que digo simpaticamente: ganhe você, por favor. O que de certa maneira é isto: eu não tenho tempo para ganhar, estou tão ocupado a hesitar que aqui fico, em redor de nada, de modo a ter uma referência negativa. Quando vir qualquer coisa que me excite devo virar-lhe as costas;  quando me estiver a entediar, é aí que fico."

Matteo perdeu o emprego - Gonçalo M. Tavares, p. 161

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Ao fundo de novo


Memória fotográfica na caixa de correio

"Gottlieb foi descoberto, foi preso, foi condenado à morte.
Greenberg, esse não pôde ver a morte de quem o assassinara. E tal, sendo regra, não deixa de ser uma injustiça."

Matteo perdeu o emprego - Gonçalo M. Tavares (p. 75)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O que não te mata...

Não

Num segundo, o vocábulo toma forma, enche o espaço e transforma a ausência de corpo em voz libertadora.

Descobrimentos

Melhor que servir uma vingança fria, é servi-la meio requentada. Não há forma mais eficaz de arranjar um inimigo para a toda a vida.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

...e as ovelhas.


Os objectos que permanecem uma vida sossegam as ânsias maiores, porque asseguram a eternidade das ideias. Este habitava a casa dos meus avós maternos quando eu nasci. Imóvel acompanhou o meu crescimento. Assistiu à partida deles,em sossego. Assim permanecerá depois da minha. Foi o único pedaço de herança pelo qual alguma vez me bati. A imortalidade será sempre o bem mais precioso.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Vida social

As conversas do dia de hoje, lá no sítio onde trabalho, oscilaram entre o que eu  haveria de fazer com a garrafa de aguardente biológica que me ofereceram ( eu diria antes caseira, mas parece que biológica é mais fino, e eu decidi que agora sou uma moça requintada ) e a quantidade escandalosa de coxa que o meu vestido novo, comprado nos saldos, deixa à vista. Confesso que até aprecio ser o centro de todas as atenções, mas aquela gente não perdia nada em encontrar coisas mais interessantes para fazer.

Sou uma fácil!


(estou capaz de me habituar a isto e aos brinquedinhos que traz)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

"...pensava em ti e em que sorte era a tua..."

Quando a debilidade me invade, em noites solitárias,deixo-me vencer pelo cansaço e desisto de domar a psicose delirante que me assalta. Entrego-a si mesma, sem contudo a libertar completamente das barreiras que lhe imponho, porque nem a fraqueza extrema me priva da dose prescrita de bom senso. Numa atitude esquizofrénica de desapego aprisionante, ao género - não te quero lá grande coisa, mas também não te deixo ir,  permito-lhe que te leia com as lentes distorcidas do pensamento desejoso. [Pensamento desejoso soa-me a matéria que se cola às mãos exigindo urgência na higiene. A sensação de nojo incita a que renegue a língua mãe e promova o wishful thinking a anglicismo pretensioso. Desaprovarias certamente, tu que és tão zeloso do(s) teu(s) português(es). Tu que és tão simplesmente zeloso.] Sirvo-lhe em bandeja de banquete a criatividade que me transborda por todos os poros, e incito-a a que te torne em tudo o que jamais poderás ser. Ela, desejosa de me agradar, trata de escolher criteriosamente, de entre as palavras que usas, aquelas que me convencem que sou musa proibida; lê, no amor e no ódio que persegues dia após dia, um sucedâneo dos afectos que me recusas que desvele; gramatiza, na indiferença, no silêncio, a expressão do desejo sublimado pela razão. E consome horas nesta cruzada, afadigada, afadigando-me até ao limite das forças, até que o repouso chegue e o recobro do vigor me dote, de novo, do poder para a amordaçar.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Se eu te passasse confiança...


Leituras de inverno


Noites a norte

A minha birra com aquele vinho já vem de longe e é mais que justificada. Tinha jurado que não voltaria a entrar-me na boca, enquanto a memória não me falhasse, mas ontem, não sei muito bem como ou porquê, apareceu-me na mesa e eu, que sou habitualmente apelidada de "a mais caprichosa" por quem me rodeia, decidi evitar as fitas e juntar-me aos restantes bebedores. Erro crasso. O organismo, obediente às minhas convicções, tratou logo de o rejeitar e o dito foi acabar no único sítio onde merece estar. Eu segui para a cama, porque o corpo a reclamava descanso e a cabeça algum sossego. Mas nem um nem outro foram atendidos. Visitou-me o Nick Cave e decidiu que queria dançar. E assim estivemos, toda a noite, ele a cantar-me, ao ouvido, em português, eu a rodopiar, rodeada pelo seu abraço.
(tenho cá para mim que tudo isto foi uma espécie de castigo divino em reposta aos posts lamechas que eu andei a publicar)


sábado, 2 de fevereiro de 2013

"Enquanto esperava, no fundo da rua..."

É claro que podes impedir o corpo de viver, mas quando te deitares à noite, serás sempre incapaz de travar a urgência de sonhar.

Já cheira a Primavera.

Passeios


Inquietude

O cheiro de livros acabados de abrir invade-me o sistema límbico. É o mesmo que me entra pelas narinas de cada vez que, em sonhos, te aproximas. Sem intenção, numa missiva que prometia inconsequência, impuseste tal ordem à minha vontade, em jeito de reflexo condicionado. E desse dia em diante, o mar compreendeu que perdera o lugar que mantinha cativo, e soube que deveria abandonar-te a epiderme. Traiçoeiramente, anunciando vingança, albergou-se no interior da íris, pronto a galgar barreiras ao mais pequeno vislumbre de um sorriso, pintalgando de verde cada momento feliz. E assim, com a tua prosa, mudaste o desassossego de lugar. De um dia para o outro, tornaste as fileiras de livros que me rodeiam, na tua pele, e o meu mar, para sempre, no teu olhar.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Estou em extâse!

Na semana passada mudaram-me o pc do trabalho, o que implicou uma troca de teclado e a mudança do Windows vista para o Windows 7. Esta semana, temendo a morte súbita do meu portátil, resolvi comprar um novo, aproveitando aquela coisa do dia sem IVA das lojas de tecnologias, o que implicou uma mudança de teclado (este bem melhor, diga-se) e a mudança de outro Windows Vista para o Windows 8. Por esta altura, estou aqui como um burro a olhar para um palácio, à procura daquelas coisas essenciais às quais ainda ontem chegava de olhos fechados, nomeadamente a tecla Del ou a cruzinha para fechar os programas. Ah! Espera aí. Não há cruzinha. Então como se faz? Esc? Não. O Esc já não serve para nada. Socorroooooo! Quero o meu 486 e o Windows 3.1 de volta.

Afectos II

He’d written his Inferno, his Purgatorio – she’d suffered through those – but in the end she could only watch him stare at the empty sheet of paper, and she knew he was reeling, that the walls of his Paradiso were becoming distant and blank.

The Quality of the Affection - Lloyd Lynford  in Granta 122: Betrayal