sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fora com o limbo

Na primeira vez, ele colocou-se numa posição secundária, dando um maior protagonismo ao co-actor principal. A dada altura, olhou-a demoradamente nos olhos, sorriu e denotou apreciar o reconhecimento de que ela é alvo mas, numa atitude de total sobriedade, optou por evitar a interacção verbal. Hoje, passada apenas uma semana, e no segundo cruzamento entre ambos, sem esquecer o papel de líder que lhe está reservado, e uma vez só nessa posição, resolveu transformar-se momentaneamente em humorista e gracejar sobre a complexidade das leituras dela. Fez o inadmissível. Ousou evidenciá-la perante a audiência e obteve o resultado inédito de a fazer corar. Não contente, repetiu a provocação uma segunda vez. Ela esboçou um esgar com os lábios e manteve-se sossegada a aguardar uma oportunidade. Percebeu que não tardaria. Acertou. Em poucos minutos encontrou-lhe uma lacuna no argumento, que rapidamente contrapôs com os seus conhecimentos, expondo a falta de cultura dele. Ele sorriu e em tom humorístico lançou-lhe uma ameaça. Desta vez foi ele quem enrubesceu. Voltou a olhá-la demoradamente nos olhos. Ela, correspondeu ao olhar, mostrando-lhe que tinha compreendido o seu significado e com um sorriso de desafio nos lábios e nos olhos respondeu-lhe apenas: "Sabe. Eu sei destas coisas porque leio livros complicados."

Formatos

Esquece tudo o que sabes. Nada do que possas ter experimentado, treinado ou ensaiado até à perfeição, resultará. Com o tempo, se permaneceres, compreenderás que naquele espaço onde ela se movimenta tudo é diferente, a começar por ela, e que nada acontecerá conforme antecipaste, porque ela nunca irá sentar-se no banco traseiro, passivamente, à espera que a guiem. Ela não aceita ser menos que o co-piloto que discute trajectos e, por vezes, quando o percurso de todo não lhe agrada, toma de assalto o lugar do condutor e, numa atitude despida de democracia, se encaminha para onde a vontade lhe ordena. Por isso esquece tudo o que sabes. Ela não quer senão a originalidade, não quer senão ser tratada como a tela em branco, na qual o artista se entrega gravando pinceladas únicas, num trabalho de génio. Por isso esquece, esquece tudo o que sabes, abandona os gestos formatados e as palavras repetidas, e espera. E verás que, num acto de generosidade, ela será capaz de, por breves momentos, apenas aqueles expressamente necessários, te levar para além do infinito.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Conjugações verbais.

Hoje, no seguimento do famoso "há-des", que de forma alguma está relacionado com mitologia, ou as tantas até está e eu é que faço uma interpretação demasiado simplista do fenómeno, ouvi um "há-dem surgir".

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Surrealizar por aí"

A diferença entre a racionalizaçáo de ambos é que a dela sai-lhe pela boca, em forma de verborreia, enquanto a dele encerra-se no corpo, em forma de contracção muscular.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Maturidade

Ela podia ter ido. Tinha várias razões para ir. Até era suposto que fosse. Pelo menos, até a terem informado que já não tinha a obrigação de ir. Até porque, ninguém sabia que ela já não necessitava de ir. E ela podia bem ter feito de conta que não sabia que a tinham dispensado. Afinal, no mesmo momento que a dispensaram, acabaram por convidá-la a ir. Logo, ela tinha justificação para ir, aliás, tinha toda a legitimidade. Toda a gente concordaria com isso. Não haveria alguém que pusesse em causa a sua presença. E ela sabia disso. E mesmo assim não foi. Inventou deveres familiares e domésticos e maternais e outros afins e não foi. Convenceu-se de que seria melhor manter-se longe. Sabe que o confronto é iminente, que acabará por suceder mais cedo ou mais tarde, e que a sua probabilidade aumenta a cada dia, a cada hora, desde que um novo espaço foi ocupado em simultâneo. Sabe que bastará um cruzar de olhares para voltar ao início feliz e continuar até a um doloroso fim. Sabe que irá envidar todos os esforços para o adiar o inevitável até ao infinito, pelo menos, enquanto lhe for possível.

Qualificações

Tens como instrumento de trabalho o comportamento. Usas os olhos e os ouvidos como principais ferramentas. Andas nisto há anos. Um dia acordas e descobres que não consegues parar. A leitura é algo que te é intrínseco, inevitável, mesmo quando fechas as pálpebras ou inibes os tímpanos, mesmo quando percebes, de antemão, que o melhor é mesmo não saber.

domingo, 25 de setembro de 2011

Ouvir a Senhora Golda Meir dizer, mesmo que numa situação ficcional e num contexto perfeitamente inocente, "...gosto de homens aprumados e robustos..." é algo terrivelmente perturbador.

Constatação # 10

Quanto mais nos ocupam o tempo, mas valorizamos aquele que nos sobra, principalmente depois de mais uma tarefa cumprida.
Lá voltou a sair mais uma verdade à la Palice.

Pré-adolescência precoce.

Aparece-me com um quadro magnético cheio de riscos e diz:
- Sabes o que está aqui desenhado?
- Não faço ideia. - respondo eu.
- É um tornado. É difícil de perceber porque eu desenhei nevoeiro.- Diz ela, com um tom condescendente, numa tentativa de minimizar a frustração que pensa ter-me causado.

Esperanças

sábado, 24 de setembro de 2011

Pormenores da hora do chá



Inevitável

A imagem dela entrou-te pelos olhos dentro e rapidamente percorreu os caminhos dos nervos ópticos até se alojar para descansar num cadeirão do teu lobo occipital. Ficasse ela por aí e a calma poderia manter-se. Mas as imagens são traiçoeiras e quando menos se esperava, já ela tinha metido pés ao caminho e começado a brincar às escondidas entre o córtex pré-frontal e as zonas laterais do hipotálamo. E tu, pobre diabo, que nada sabes de neurofisiologia, não consegues compreender o como ou o porquê, de um simples vislumbre se transformar nesse desassossego sorridente, do qual nada te poderá salvar, nem sequer a lobotomia.

Bem-me-quer, mal-me-quer,...

Quando quiseres, basta pedires. Terás que esperar. Irás ouvir o não várias vezes. Sentirás necessidade de recorrer às mais apuradas competências de malabarismo negocial. Mas no final, asseguro-te, ser-te-á concedido. Só falta saber se nesse momento ainda vais querer.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

...3


(Amo el amor de los marineros

que besan y se van.



Dejan una promesa.

No vuelven nunca más.



En cada puerto una mujer espera:

los marineros besan y se van.



(Una noche se acuestan con la muerte

en el lecho del mar.)



4



Amo el amor que se reparte

en besos, lecho y pan.



Amor que puede ser eterno

y puede ser fugaz.



Amor que quiere libertarse

para volver a amar.



Amor divinizado que se acerca

Amor divinizado que se va.)...



Farewell - Pablo Neruda

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A sobremesa torna a vida mais fácil...

...ou como o facto de ter amigos com quintal nos torna menos amargos.


(colhidos hoje de manhã)

Ódio de estimação

A cada dia que passa, à medida que envelheço mais umas horas, diminui a minha capacidade para conviver pacificamente com indivíduos da espécie humana que consideram que comunicar é apenas debitar uma quantidade infindável de ideias desprovidas de qualquer interesse, mas que os próprios consideram brilhantes, só pelo simples prazer de se fazerem ouvir, ou talvez de escutarem a própria voz a ecoar entre os ouvidos.
E esta é uma das razões porque eu estou a transformar-me a passos rápidos num ser antissocial e absolutamente antipático.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Oui, mais bien sûr

Procura-se

O que realmente a diverte é vê-los chegar, com a cabeça levantada e o peito feito, confiantes na vitória. E depois começa a entediar-se ao vê-los a acalmar, a curvar as costas ligeiramente e a enfiar a cabeça dentro dos ombros, enquanto começam a considerar que talvez o empate não seja assim tão mau. Fica aborrecida quando partem, de olhos no chão e aparentando metade do tamanho, depois de terem desistido e de lhe ter sido conferida a vitória. Suspira deprimida quando por fim fica só, porque não sabe quando lhe aparecerá um adversário à altura, um que saiba que na vida, como no poker, o que menos importa são as cartas que se tem na mão.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Na cama com...

Vamos brincar #2

Sempre delirou com as histórias que o pai lhe contava quando era criança. Invariavelmente, a hora do conto terminava com um choro copioso, produto do trágico fim que ele imprimia às narrativas, e com o ralhete da mãe a ambos, a ela porque pedia sempre mais, a ele porque a fazia sempre chorar. Mas o que realmente a deliciava era a capacidade que ele tinha de misturar os personagens das diferentes histórias em relatos que tinham tanto de incoerente como de entusiasmante. Foi com ele que aprendeu que nem sempre as coisas são como deveriam ser, e que por vezes é melhor que assim seja. Foi com ele que desenvolveu esta sua capacidade de criar universos alternativos nos quais se refugia quando a realidade se torna insustentável. É graças a ele que hoje encarna histórias de encantar, onde convivem pinóquios e bonecas bailarinas de porcelana, que juntos, nos parcos momentos em que ganham vida, se envolvem nas mais atrevidas diabruras, pois é apenas a perspectiva de alguns momentos de recreação, o que os consegue fazer sobreviver aos longos e entediantes períodos de inacção.

domingo, 18 de setembro de 2011

Revelações #2

Esquece as jóias compradas na Cartier dos Champs Élysées, os jantares no Daniel, as escapadelas de fim-de-semana no Ritz Hotel ou os passeios de iate pelas ilhas gregas. Esquece tudo o que o dinheiro pode comprar, porque não é com isso que a vais conquistar. O que a fará tremer cada vez que se recorde de ti serão os gestos simples, espontâneos, criativos, inesperados. O que despertará as borboletas adormecidas no seu estômago será receber um sms teu a meio da noite, apenas porque não conseguiste esperar pela manhã para partilhar com ela uma passagem do livro que a insónia te levou a ler; será atender um telefonema teu onde apenas se faz ouvir a música que passa na rádio, e que é aquela que ouviram na primeira vez que se beijaram; será ser acordada de madrugada e obrigada a vestir um casaco por cima do pijama, para ser levada aquele local alto da sua cidade, onde a paisagem se estende por quilómetros, só para poderem ver juntos o sol a nascer; será ver-te parar o carro no meio da estrada e sair para te embrenhares na vegetação, para depois voltares com a sua flor preferida, porque enquanto conduzias vislumbraste aquela que foi deixada por colher; será ser arrastada até uma aldeia do interior, para te ver subir a uma figueira e descer com um cesto de figos acabados de colher, porque sabes que só esses lhe recordam os avós e só esses realmente a satisfazem; será receber pelo correio uma carta de amor, escrita no papel da mesa do restaurante onde tiveste um almoço de negócios que ansiavas por terminar, só para correres aos correios e garantires que a carta chegava no dia seguinte.
O que fará com que o seu coração bata com mais força será a descoberta de que, naquele momento exacto, o resto do teu mundo deixou de existir, pois o teu pensamento está centrado apenas na forma de a manter para sempre do teu lado.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E tu, tens a escola toda?

A opinião publica decidiu que a Iniciativa Novas Oportunidades não é mais do que um mecanismo de distribuição de certificados. Essa assumpção foi feita com base no diz que disse e na opinião de alguns puristas da educação que consideram que apenas se pode aprender na escola. Com base nisto, o país decidiu que a certificação por esta via é pouco ou nada válida e que tem como função apenas aumentar as estatísticas de escolarização do país, e que as pessoas que obtêm uma certificação por esta via são desprovidas de quaisquer conhecimentos ou competências. O país decidiu, está decidido.
Mas o que o país não sabe é que a Iniciativa Novas Oportunidades não se resume ao tão criticado processo reconhecimento, validação e certificação de competências - RVCC (sobre o qual haverá em breve outro post), mas engloba uma série de respostas de educação e formação diversificadas e adaptadas a diferentes necessidades de aprendizagem. O que o país não sabe também é que a escolha, por parte dos cidadãos, da resposta formativa que mais lhes convêm é feita no âmbito de um processo de orientação profissional, no qual são analisados em conjunto com um técnico os seus interesses, as suas competências, os seus projectos, as suas limitações, entre outros, e no qual é definido o percurso a seguir para que os objectivos que o cidadão traçou sejam alcançados, minimizando-se dentro da medida do possível o esforço despendido para tal, percurso esse que é flexível e adaptado a cada realidade. O que o país não sabe ainda, é que a Iniciativa Novas Oportunidades, com todo o mediatismo que lhe foi conferido teve a importante função de pôr as pessoas a mexer; a procurar; a querer saber do que se tratava; a querer seguir o vizinho do lado que também se inscreveu; a ser capazes de dizer que querem aprender sem se sentirem ridículas, porque afinal toda a gente anda a fazer o mesmo; a perceber que aprender pode compensar, nem que seja porque se passou a saber mais coisas; a saber que há um sítio chamado Centro de Novas Oportunidades, onde há outras pessoas como eles, mas com mais "estudos", que os ajudam a crescer como seres humanos. E isto, é apenas a ponta do cobertor que muitos dos que tiveram  oportunidade de estudar no devido tempo não querem destapar. E esses, os que criticam a Iniciativa, que olham com desprezo para os que a ela aderiram e através dela se certificaram, esquecem-se que, se efectivamente alguém andar a distribuir certificados, esse alguém são os técnicos que dirigem ou trabalham nos Centros de Novas Oportunidades. E esses, meus caros, andaram todos na escola até ao fim.

Приходить

Apetites



Porque nunca fui fã do Pedro Mexia e agora só me apetece ler-lhe os poemas de rajada.
Porque não quero morrer sem escrever uma letra para o Armando Teixeira.
Porque o Luís Varatojo sempre me encantou, mesmo quando era um Peste & Sida.
Porque a guitarra portuguesa me faz sorrir enquanto chora.
Porque me delicio com a complexidade das fusões e acredito que o abstracto tem muito mais magnetismo do que o concreto.
Porque ainda vou encontrar alguém que sinta esta música como eu.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Em definitivo, ela não quer voltar a ter dezoito anos

A idade, enquanto lhe acentuava os traços e lhe pintava os fios de cabelo de branco, refinou-lhe as qualidades e atenuou-lhe quase todos os defeitos. A bondade tornou-se mais analítica, a teimosia aos poucos tem dado lugar a uma coisa a que chamam persistência, o riso desmesurado transformou-se num sentido de humor selectivo e a intolerância tomou a forma de transigência contida. Só a impulsividade se recusa a ser debelada. E embora lhe digam que a sua mente controla ao milímetro os "pensamentos, palavras, actos e omissões", de forma a manipular a realidade que a rodeia, ela sabe que raramente a voz e os músculos lhe obedecem à razão, e que muito mais do que o bom senso, são os impulsos desgovernados o que dá rumo à sua vida.

A ver, a ver! (como dizem os espanhóis)

Ouvir, da boca criatura que vai ser uma das figuras mais importantes na educação do meu rebento nos próximos tempo, um "prontos" cria em mim um desassossego gritante.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pele




Exorcismo à caixa de rascunhos #5








(tinham ficado esquecidas)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Memórias com açucar


No bairro da Bica há umas escadas onde o tempo já parou para que as (in)confidências fluíssem, as almas descansassem, a amizade se renovasse e a saudade escoasse pelo meio dos dedos. 
No bairro da Bica há umas escadas onde o tempo parou de parar.

(esta fotografia não é minha. as botas também não. são ambas do António)

domingo, 11 de setembro de 2011

História(s) Urbana(s)

Pegou no telefone e com o dedo percorreu a lista avaliando as opções. Parou mais a menos a meio do alfabeto, onde encontrou uma garantia de sucesso com nome de antigo goleador. Carregou na tecla verde e aguardou pelo segundo toque, momento em que sabe é sempre atendida, tal é a pressa dele em falar-lhe. Convidou-o para ir ao cinema. Ele, tentando manter o orgulho de macho, disse-lhe que não sabe se poderá, que tem umas coisas mais ou menos marcadas. Ela, sabedora do seu poder sobre ele, disse-lhe desinteressadamente que não tem importância e começou a despedir-se. Ele voltou atrás e aceitou o convite. Ela despediu-se deixando no ar uma promessa dúbia. Ele desligou guardando dentro de si a esperança eterna. Ambos sabem que esta noite não será mais do que  um balão de oxido nitroso partilhado, cujo efeito acabará antes do tempo. Mas ela precisa de alguém que lhe segure na mão cada vez que o galã beijar a rapariga, de alguém que a afaste do fogo de artifício que irá cruzar o seu céu tarde na noite, de alguém que lhe recorde que está a aproximar-se perigosamente do ponto de não retorno na direcção do abismo. Ela necessita de alguém que a proteja de si própria, mais do que do mundo. E ele apenas necessita dela para se sentir vivo.

sábado, 10 de setembro de 2011

Toca de enfiá-las todas no mesmo saco

"Aí vieram uns fenícios, marinheiros célebres e homens velhacos, com inumeráveis brinquedos na escura nave. Ora, no palácio do meu pai havia uma mulher fenícia, bela, alta e hábil em primorosos lavores, que os astutos fenícios seduziram. Um deles, primeiro abusou dela quando estava a lavar, junto da sua bojuda nau, fascinando-a com amorosas carícias, que é o que engana as mulheres, até as honestas."

Odisseia. Homero. pp. 267-268

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ela está cansada de ser feliz

Vamos brincar

Ele transformou-a habilmente numa Copélia de porcelana fina com a qual desenvolve as mais criativas brincadeiras e arriscadas tropelias. Ela adora encarnar o papel de boneca e permite, de forma totalmente passiva, que ele lhe manipule os membros e a utilize para interpretar histórias de princesas e castelos. No entanto, ela é tão eficazmente hábil nas artes da caracterização e da dissimulação, que muito poucos conseguem perceber que afinal se trata de uma Swanilda disfarçada. Ele descobriu-lhe o embuste, mas actua como se não soubesse. Ela sabe que foi desmascarada, mas continua a encarnar o papel sem hesitar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Se as outras podem...

A Maria é uma rapariga caprichosa. Qual Maria? Esta Maria claro! A Maria Fonseca, porque aqui neste blog não se fala da vida alheia. Mas pronto(s). Voltando ao que interessa. Como se dizia, a Maria é uma rapariga caprichosa. E nos dias que correm tem uma vontade. A Maria quer ir às Asturias ver o Kevin Spacey a representar o  Ricardo III. Ora. Como seria de esperar, a Maria tratou de mandar alguém comprar os bilhetes, mas o imprestável a quem foi encomendado tal tarefa respondeu-lhe que os bilhetes já estão esgotados. Vai daí, a Maria resolveu fazer o que toda a blogosfera faz, pedinchar. E portanto, esta que daqui vos escreve quer saber se algum dos 3 leitores que a seguem tem bilhetes para o espectáculo e por acaso não quer assistir. Ou então, se trabalham numa daquelas entidades que são brindadas com convites para tudo e mais alguma coisa que depois distribuem pelos colaboradores, que por sua vez preferem ir ver o Barcelona e deixam os lugares livres. A Maria não quer os bilhetes à borla. Está disposta apagar o preço dos mesmos, ou até um bocadinho mais.
Haverá por aí algum anjo especializado em satisfazer desejos fúteis? (é que se houver, terá a minha eterna gratidão, ou talvez mais qualquer coisinha.)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A música descongela os lábios para o sorriso


(esta, em especial, tocada no volume máximo, na solidão da auto-estrada)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Amanhã é uma nova noite.


Acordei devagar, sem as pressas dos dias de trabalho, como se o meu relógio interno soubesse, ainda antes destes começarem, quais os dias em que me é permitido todo o tempo necessário para despertar. Estiquei os braços num movimento de espreguiçar e senti a tua pele contra a minha. Olhei para o teu peito e vislumbrei os movimentos leves que uma respiração tranquila imprimia ao teu diafragma. Finalmente, o cansaço tinha vencido a teimosia, a promessa fora cumprida e o teu corpo abandonado na minha cama materializava o desejo formulado. Passei a minha perna por cima das tuas, enterrei os dedos nos pêlos que te cobrem o peito e cerrei os olhos, tentando de novo passar ao estado de sono. Não me apetecia descansar. A minha vontade era apenas a de repetir o acordar nos teus braços, uma e outra vez e mais outra e ainda uma mais. Entrei de novo no estado de semiconciência que precede o sono e deixei-me arrastar até ele suavemente, como se fosse carregada por uma brisa de verão. Subitamente, um som distante, um misto de música e zumbido, voltou a despertar-me no meio de sentimentos de confusão e vazio inexplicáveis. Olhei para o lado esquerdo e vi a luz do despertador a piscar. Olhei para o lado direito e vi um espaço desocupado. A memória temporal despontou anunciando que é sexta-feira. O tempo urge. É necessário que me levante da cama e cumpra os rituais diários. Mas não sem guardar a esperança que, no final do dia, a dupla inseparável Hipnos e Morfeu enfrente mais uma luta e com o seu poder supremo volte a aniquilar o impossível.

Ah?

http://www.publico.pt/Mundo/passos-coelho-compara-o-fim-do-regime-de-kadhafi-ao-25-de-abril_1510180

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Adenda

Pode não parecer, mas o post anterior diz tudo o que há para saber sobre mim.