sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

domingo, 22 de dezembro de 2013

Prazo de validade

Pelo que consta por aí, a programação neurolinguística, apesar de ter mais idade que eu, é a ciência oculta do momento. Um dia destes dei de caras com um especialista na coisa, que me informou que bastam 21 dias para mudar um comportamento, bastando para isso que se vá repetindo uma espécie de mantra descritivo do hábito que se pretende abandonar ou adquirir. Como sou uma criatura altamente influenciável e, na falta de outras soluções para eliminar um vício que de mim se apoderou, tratei logo de experimentar. Tenho começado os dias com um "Não mais...". Até ao momento não reincidi. Fiz hoje as contas. A correr bem, no mesmo saco em que trouxer os presentes, o senhor das barbas brancas, na véspera de Natal, levará para longe o peso extra que carrego.  Só falta mesmo saber se eu estarei disposta a entregá-lo.



domingo, 15 de dezembro de 2013

Brincar com fogo


Delírios febris II

O corpo consumido pelos sintomas da gripe, ordena que já chega de cama. Levanto-me e trato da vida. Amonto-o aos pés da cama a roupa apanhada da corda, à espera que os braços esgotados recuperem a força necessária à dobragem. Na televisão passa um filme de qualidade duvidosa, que já vi pelo menos umas três vezes.  Decido despachar os pareceres que deverão seguir amanhã sem falta. Amanhã que é segunda e que por imposição exterior estarei a ouvir alguém a explicar-me como se gerem conflitos. Mas amanhã deverão seguir os pareceres. Hoje é domingo, e o tempo não pára. A voz que sai da televisão é rouca, uma espécie de trovão. O homem que a emite é uma espécie de colosso, um agregado de músculos bem definidos, descobertos ou cobertos em alternativa por uma camisola de alças justa. É o meu fetiche, o meu maior prazer proibido, a fonte da interrogação ilimitada.
Questiono-me se num dos seus semelhantes encontrarei a cura para todo o mal que me assola. Se assim não for, continuarei a procurar. Mas desta feita, sossegada pelos relâmpagos que me soprarão aos ouvidos, pelas tenazes que me cingirão o corpo, pela candura que me descansará a mente.

 
(foto gamada algures na net)

sábado, 14 de dezembro de 2013

Contemplações


Delírios febris

Quando penso que já nada resta para além do cinismo mútuo, deparo-me com uma qualquer puerilidade que, lançada com a perícia de um ataque bombista cirúrgico, me devolve ao estado de enlevo inicial. Quero partir, mas sei que não é chegada a altura. Vou ficando enquanto o encanto não se esgotar.

sábado, 7 de dezembro de 2013

O seu estado de espírito é definido pelas músicas que a atormentam #25


Realidade(s)


(uma garrafa de vinho, o meu quarto, uma câmara, um desejo, um beijo...)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Metáforas no espelho retrovisor


Tributo à sabedoria rock-pop

Em 1992, e após o retumbante êxito de More than words (devido em parte à bandeira portuguesa a decorar o fundo do teledisco), os Extreme lançaram um álbum duplo, que eu decidi imediatamente que tinha que comprar. O Nuno Bettencourt, com as unhas pintadas de negro, o cabelo comprido que atirava para trás com um meneio de cabeça e o ar de bad boy com um coração pronto a derreter-se pela primeira que lhe aparecesse, tinha-se tornado na minha paixão adolescente do momento. Era lindo de morrer e eu necessitava de o ter a cantar para mim. Não podia esperar. Portanto, tratei logo de contabilizar as minhas poupanças e de fazer uma ronda pelos avós e tios para arrecadar o que faltava para comprar o vinil. E mesmo sem saber muito bem o que estava a comprar, corri à loja de discos antes que esgotasse. Chegada a casa com o objecto mágico dentro de um saco, tratei logo de o abrir e pôr a tocar no gira-discos. A audição do tão desejado quase provocou a apoplexia geral de quem vivia lá em casa, eu incluída. Aquilo nada tinha a ver com o êxito anterior e era apenas uma colectânea com uns tipos aos gritos e guitarradas e bateria. Socorro! Meu rico dinheirinho.  Com o tempo, fui ouvindo e aprendi a gostar moderadamente das músicas, quanto mais não fosse porque ia-me babando com enleio para cima das fotografias do guitarrista , e essa visão quase me faziam esquecer o escarcéu que ia sendo feito em fundo. Um dia destes, numa visita à biblioteca da casa dos meus pais, e enquanto procurava um livro antigo,  dei de caras com o vinil e resolvi dar uma espreitadela de novo nas fotos do fofinho do Nuno que, no final das contas já não me pareceu tão giro. A idade adulta provoca amiúde estas desilusões. Entretanto recordei-me que o disco tem um nome interessante, chama-se "III Sides to Every Story", e tem como subtítulo o fruto da divisão em três  partes:  1.  Yours, 2. Mine, 3. The truth.
Inconscientemente, sem me saber influenciada por uma banda moribunda, tenho tentado, nem sempre com êxito, confesso, fazer dessa frase uma máxima de vida. Não gosto de ver o mundo com linearidade. Tento procurar conhecer pelo menos três versões para cada história, a minha, a tua e uma intermédia, que é aquela que mais se aproxima da verdade.