sexta-feira, 30 de novembro de 2012

É mesmo só isto.

E foi necessário chegar à quase provecta idade de 38 anos para descobrir que há uma coisa chamada dióspiro maça, que ainda consegue ser mais deliciosa que os dióspiros comuns. Mas pronto, nos últimos dias enfardei-me tanto com estas preciosidades, que penso já ter atingido a quota a que teria direito se tivesse sido apresentada atempadamente.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Antes de ir dormir

Estou a trabalhar quase ininterruptamente desde as 9:00 da manhã. Fechei agora o ultimo dossier e constatei que espalhei o sono e portanto não dormirei tão cedo. Gosto tanto desta expressão tão nortenha de espalhar o sono. Não consigo compreender o seu sentido literal, e no entanto quando penso em insónia são sempre estas palavras que me vêm à boca para a nomear. Um dia desta semana, pela terceira vez, e a propósito de um empréstimo de livros, tornei em pessoa a sério uma blogo-pessoa. Foi ali do lado de lá da ponte e foi tão simpático e despretensioso. As minhas blogo-pessoas são do melhor que para aí anda. Aliás, este blogue é um dos mais sortudos da blogosfera, porque é visitado por gente simpática e com nível, que mesmo quando discorda das parvoíces que eu escrevo, (e eu escrevo muitas parvoíces, para as quais nem sempre eu própria tenho paciência) o faz de forma superior, contribuindo sempre para o desenvolvimento da minha capacidade de análise. As minhas blogo-pessoas, quando transformadas em gente real, são ainda melhores do que eu alguma vez esperava. Isto tudo para dizer, plagiando o Sérgio Godinho, que "hoje, (que na realidade foi anteontem) soube-me a pouco e ao mesmo tempo soube-me a tanto".

(uma pequena adenda em jeito de aviso - não me apareçam aqui a dizer que os funcionário do estado são umas lesmas improdutivas e parasitas sugadores, porque eu esqueço-me que gosto da gente que aqui vem, e  sou capaz de vos insultar do pior)

domingo, 25 de novembro de 2012

O seu estado mental é definido pelas músicas que a atormentam #14



(Over my shoulder there’s a man that doesn’t speak
No expectations, they will only make you weak)

Não vamos falar de bilhetes para concertos, por favor.

Hoje assisti, na televisão, a uma entrevista com a escritora das Sombras de Grey, e descobri que o E é de Erika e o L de Leonard. A dada altura, a jornalista perguntou-lhe porque é que, agora que é milionária, não tinha comprado um Aston Martin, em vez do comum Volkswagen. A senhora respondeu algo como ser um exagero gastar tanto dinheiro num carro. Não poderia concordar mais com ela. Quando penso em comprar alguma coisa pergunto-me sempre se o preço está dentro da razoabilidade, se não é obsceno face ao valor real do objecto em causa. E só compro se a reposta for afirmativa. Não tenho jóias, carteiras ou peças de roupa que custem um salário. Recuso-me. É assim que vou tendo sempre saldo contabilístico positivo. E é assim que consigo, sem grandes remorsos, ir convivendo com a miséria que corre pelo mundo.

sábado, 24 de novembro de 2012

Olha onde eu me fui encontrar.

http://reading-as-breathing.tumblr.com/post/9641520407

http://reading-as-breathing.tumblr.com/post/9641477729

Céu estrelado


Está quase a acabar.

Pronto. Andei uns dias de dieta de palavras e agora deu-me uma verborreia que não consigo conter. Vou ali beber agua de cozer arroz e ver se consigo estancar isto, que vocês desse lado já devem cansados de me aturar.

A ironia que é a minha vida

Passo os meus dias a recolher informação que tem como função ajudar outros e ajudar-me a mim própria a fazer escolhas. Eu que nunca soube optar e preferi sempre o melhor de dois mundos, agora faço da selecção ganha-pão. Se eu mandasse, instituía que à entrada do mercado de trabalho todos fossemos examinados com uma daquelas máquinas da verdade que a Fátima Lopes tem no programa da tarde, e que descobrem que a senhora afinal não roubou os tachos e o almofariz e o fogão da vizinha que sempre a ajudou, mas que entrou em casa dela às escondidas. A tal máquina serviria então para determinar se estávamos ou não a dizer a verdade a nós próprios, e se realmente teríamos perfil para fazer aquilo a que nos propúnhamos. Se reprovássemos éramos obrigados a seguir outro caminho que se adequasse mais às nossas características. Poupava-se muita desilusão. Numa escala particular, tinha-se evitado que eu andasse a fazer algo que me deixa insegura e a questionar constantemente a eficácia do meu trabalho. O paradoxo disto tudo é que apesar de ser péssima a escolher, sou excelente a defender as escolha que faço e a convencer quem me rodeia de que não teria funcionado melhor se tivesse sido de outra forma. E às tantas isto seria coisa para baralhar a máquina e viciar os resultados.

Há quem diga que isto já ultrapassou o desejo.

Detesto que, quando estou à espera de um mail ou sms que sei que não vai chegar, me entupam o telemóvel e a caixa de correio com mensagens fofinhas que eu apago de imediato, ou com publicidade que tem o exactamente o mesmo destino, ou com mails sobre cadeias que informam que o mundo vai a acabar se forem interrompidas, mas que me trarão felicidade eterna se as propagar. Pior do que não ter as noticias que se espera, é  ser constantemente alvejada pelo binómio ilusão/desilusão.

O seu estado de espírito é definido pelas músicas que a atormentam #13

Tenho aqui um bico de obra jeitoso

Numa meio de uma discussão sobre regras e sobre quem manda, que isto por cá não há democracia, comigo e com o pai, a minha filha de sete anos dirige-se a ele respondendo: "- Não vês que estava a ser sarcástica!". E o mais grave é que estava mesmo.

Drama princess

Começa a tornar-se perigosa a minha apurada capacidade de mutilação própria. Enquanto os ferimentos que me fui infligindo se circunscreveram ao músculo cardíaco, nada de mal deles adveio, uma vez que toda a gente sabe que se pode perfeitamente viver sem coração. Mas agora, e às tantas porque já não havia espaço no peito para retalhar, as minhas acções começaram a dirigir-se para os dedos. Em poucos dias, as tarefas perigosíssimas de lavar a varinha mágica e montar a árvore de Natal quase me levavam dois dedos contíguos. Começo a preocupar-me. Sem extremidades não consigo escrever. Sem a escrita de pouco valerá viver.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Músicas perfeitas #2



(quando eu entrava e os via sentados ao balcão a tocar viola aproximava-me devagarinho e fazia o meu melhor beicinho. eles já sabiam ao que eu vinha e com enfado encenado lá começavam a tocar os primeiros acordes. eu tinha 19 anos e vivia "na casa deles", o Mosquito. eles eram bastante mais velhos e adoravam fazer-me as vontades.)

Se não te respeitas a ti próprio...

Há poucas coisas que me causem tanta repulsa como a violação da correspondência alheia. Nos últimos tempos têm-me chegado aos ouvidos casos repetidos de pessoas amigas que veem os telemóveis, contas de e-mail, contas de facebook... espiadas pelos cônjuges ou afins. Esta semana contaram-me que  a mulher de um amigo comum lhe entrou na conta do facebook e leu as mensagens privadas que ele trocou com outras pessoas, sem que ele soubesse. Ela própria confessou, alegando que o tinha feito sem intenção, apenas porque entrou por engano na conta dele. No entanto, não se coibiu de tirar satisfações com o correspondente do marido, acerca da uma das conversas que leu sem querer, claro, de fio a pavio. Hoje sem explicar porquê, proibi o meu amigo de voltar a trocar mensagens escritas comigo. Já não é a primeira vez que o faço com alguém das minhas relações, pelas mesmas razões. Não gosto de ver a minha vida privada devassada.  Até porque, quem me conhece sabe que eu não tenho pudores em dizer o que penso e sinto, cara a cara, em voz alta. Mas também sabem que resguardo a minha intimidade com unhas e dentes. Assim sendo, só espero que a senhora em causa não tenha a veleidade de vir pedir-me algum tipo de justificações nos próximos tempos. Não serão certamente palavras bonitas aquelas que terei para lhe comunicar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Comunicação funcional



(Não resisti Marco. A qualidade é má, mas o conteúdo...)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

E se o céu fosse cor de rosa?


Verdades incontornáveis

As palavras são sempre mais esclarecedoras que o silêncio, mesmo quando ditas fora do tempo.

domingo, 18 de novembro de 2012

É verdade que isto já não tinha grande credibilidade.

Eu poderia, neste domingo à noite, estar a dedicar-me a uma qualquer tarefa que cultivasse a minha erudição, mas em vez disso estou alapada no sofá a ver isto pela vigésima quinta vez (no mínimo), e a adorar cada minuto da canastrice do Vin Diesel. A minha única desculpa é que Praga é uma cidade maravilhosa, onde vale sempre a pena voltar.




Incredulidades

Hoje, durante a habitual discussão semanal que decorre com pontualidade ao almoço de domingo, eu e o meu pai concordamos em pleno. Foi a primeira vez que isso aconteceu em toda a nossa vida, ou para ser mais precisa, em toda a minha vida. Nenhum dos dois conseguiu muito bem perceber o que aconteceu, ou inverter a situação e terminamos o almoço em silêncio, com uma expressão de susto espelhada no rosto.

sábado, 17 de novembro de 2012

O seu estado de espírito é definido pelas músicas que a atormentam # 12



(eu sei pouco disto que fala o Thom, sei pouco do amor, sei ainda menos da verdade, mas apetece-me esperar, dezoito mil novecentos e sete dias, se necessário for)

Sabes?

"- Eu sei. Diabos me levem por este meu mau feitio. Um ataque de ciúmes! Quando me estava a despedir dela, arrependi-me, beijei-a. Mas não lhe pedi desculpa.
- Por que não lhe pediste desculpa! - exclamou Aliocha.
Mítia, de repente, riu-se quase com alegria.
- Deus te guarde, querido rapaz, de alguma vez pedires desculpa à mulher amada! Sobretudo à mulher amada, por mais culpado que sejas para com ela! Porque a mulher, meu amigo, é...só o Diabo sabe o que ela é. De entre o pouco que conheço, às mulheres conheço-as bem! Se confessarmos à mulher a nossa culpa, desaba logo em cima de nós uma avalancha de censuras! Nunca nos perdoará directa e simplesmente, antes nos humilhará até mais não poder ser, antes nos acusará, mesmo de coisas que nunca aconteceram, não deixará passar nada mas, pelo contrário, acrescentará ainda alguma coisa da sua parte, e só depois perdoará. A melhor, a melhor de todas fará assim!"

Fiódor Dostoiévsy. Os Irmãos Karamazov. (pp. 314, vol II)

Primavera no Outono


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O mal que me faz ver novelas

Este tipo, que não tinha piadinha nenhuma quando era novo, adquiriu uma certa sensualidade com a idade.


(imagem gamada algures na net)

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O seu estado mental é definido pelas músicas que a atormentam # 11



(sinto falta de músicas que me compreendam tão bem como esta)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta"

Ao que parece, vivo num país onde algumas pessoas só se sabem manifestar arremessando insultos, pedras e outros objectos que tais. Ao que parece, vivo num país onde há pessoas se manifestam pacificamente junto dos que arremessam coisas, sem que isso os pareça afectar ou mostrem sinais de repudio por tais actos. Ao que parece, vivo num país onde os polícias são violentos porque, depois de levarem com pedras e outros objectos que tais, resolvem ripostar e levar tudo a eito, sem perguntarem a quem iam encontrando se também lhes atirou coisas. Já há muito tempo que não gosto das pessoas que governam o meu país, mas começo também a deixar de gostar das pessoas que vivem nele.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Tinha-me esquecido de pôr o título.

A noite passada dormi duas horas seguidas e o resto aos solavancos. Hoje de manhã bebi café com a minha antiga professora de russo. Passei o dia a enfardar chocolate de todo o tipo e espécie, para compensar o facto de não ter dormido. Não, o chocolate não tira o sono mas conforta a alma. Já papei mais de 500 páginas dos Irmãos Karamazov. Também me fartei de emborcar café para tentar anular a sonolência instalada. O café também conforta a alma. Aquela série nova, a do gajo que é neurocientista e tem alucinações e vê coisas que não existem, hoje meteu gangs ucranianos. Descobri que no sitio onde trabalho há uma concentração elevada de aparelhos de microondas e máquinas de café por metro quadrado, e que somos todos demasiado individualistas, e que eu nunca mais vou ficar a ressacar por cafeína quando chegar a desoras ao bar. Ao final do dia, enquanto esperava que a aula de ballet terminasse, ouvi através da porta do estúdio o "My Way" e depois esta música, que inconscientemente comecei a cantarolar. Já não me recordava da letra e por isso improvisei. Necessito com urgência de voltar ao russo. A vida é bem mais fácil quando vivida numa língua estrangeira. Já é madrugada em Moscovo. A fotografia foi tirada por mim em Berlim. A esta hora eu já devia estar a dormir.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

E eu declaro-me

...cada vez mais apaixonada pelo Pedro Mexia.

"Fica comigo esta noite"*

"Durante todas as noites desse verão, as estrelas foram líquidas no céu. Quando eu as olhava eram pontos líquidos de brilho no céu.
Na primeira vez, encontrámo-nos durante o dia: eu sorri-lhe, ela sorriu-me. Dissemos duas ou três palavras e contivemo-nos dentro dos nossos corpos. Os olhos dela, por um instante, foram um abismo onde fiquei envolto por leveza luminosa, onde caía como se flutuasse: cair através do céu dentro de um sonho.
Naquela noite, fiquei a esperá-la, encostado ao muro, alguns metros depois da entrada da pensão. As pessoas que passavam eram alegres. Eu pensava em qualquer coisa que me fazia sentir maior por dentro, como a noite. As folhas da hera que cobriam o cimo do muro, e que se suspendiam sobre o passeio, eram a única forma nocturna, feita apenas de sombras. Primeiro senti as folhas de hera a serem remexidas; depois, vi os braços dela a agarrarem-se ao muro; depois, o rosto dela parado de encontro ao céu claro da noite. E faltou uma batida ao coração. O mundo parou. sombras pousavam-lhe, transparentes, na pele do rosto. O ar fresco , arrefecido, moldava-lhe a pelo do rosto. E o mundo continuou. Ajudei-a a descer. Corremos pelo passeio de mãos dadas. A minha mão a envolver a mão fina dela: a força dos seus dedos dentro dos meus. Na noite, os nossos corpos a correrem lado a lado. Quando parámos: as nossas respirações, os nossos rostos admirados um com o outro: olhámo-nos como se nos estivéssemos a ver para sempre. Quando os meus lábios se aproximaram devagar dos lábios dela e nos beijámos, havia reflexos de brilho, como pó lançado ao ar, a caírem pela noite que nos cobria."

Cemitério de pianos - José Luís Peixoto, pp. (82-83)

(* titulo de um livro da Inês Pedrosa)

O seu estado de espírito é definido pelas músicas que a atormentam # 10



(as tuas costas, enquanto te afastas sem olhar para trás; os meus dedos que rodam a chave na ignição; a rua vazia depois de desapareces atrás das portas de vidro; três dígitos e  o meu coração a bater para sempre de uma forma diferente...)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Apeteceu-me e já sabes como é quando me apetece.

Foram-me necessários muitos anos e esforço para conseguir estruturar aquilo a que os psicólogos têm por hábito apelidar de auto-estima e que eu, que também pertenço à trupe mas não gosto do prefixo auto porque me lembra sempre algo mecânico, prefiro chamar de capacidade de amor próprio. Quando olho para trás vejo-me numa puberdade tardia e despojada de roupas de marca, a tentar capturar do ar partículas gasosas de gostar, tarefa que se revelava árdua para uma amadora, uma vez que as danadas das moléculas invariavelmente incolores e inodoras, à mais pequena distracção, aproveitavam para escapar do balão onde eu as guardava e, num ápice, misturavam-se com o resto do ar, exigindo que se começasse tudo de novo, desde o início, uma e outra vez. Com o tempo, e à custa de muita pesquisa, fui desenvolvendo habilidades de alquimista e aprendi a condensá-las, uma por uma, a torná-las palpáveis, quase sólidas. Hoje em dia é muito difícil deixar escapar uma que seja, tal é a forma como as consegui unir numa estrutura com magnetismo dinâmico, que se reestrutura  a cada passo, reconfigurando-se sempre numa forma evolutivamente superior. Durante este caminho que fui percorrendo aprendi também que tudo isto apenas resulta se se centrar no nosso âmago e que os outros, na maior parte das vezes, só lá estão para estorvar. Por isso, carrego sempre comigo uma borracha e um cobertor. Quando sinto uma beliscadura trato logo de a apagar. Já os afagos, envolvo-os no cobertor e carrego-os no colo, sem nunca deixar de os mimar.

(E isto tudo para dizer que aquilo não passou de um embuste, que a minha mãe detesta flores de plástico e que há gente que, mesmo que tenha os dentes cheios de insectos, continua a ser a mais gira de todo o "meu" espaço virtual.)

domingo, 4 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Sunset? Sunrise!

Não te amo, desejo-te...(outra vez)

É apenas porque nunca poderei prometer-te o paraíso que, por muito que me apeteças, nunca serei capaz de te roubar à tua felicidade.