quinta-feira, 29 de abril de 2010

Prisão

Está presa à terra por um cordel invisível que a circunscreve ao corredor que a vista alcança. Necessita de aumentar o seu espaço vital. Quer subir aos céus, mergulhar a pique até rasar o chão, percorrer a terra, o ar e o mar até que os membros se lhe recusem a obedecer. Mas ainda é cedo.
Um pensamento repete-se na mente, uma vez atrás da outra, em loop. Não consegue interromper a cadeia. Talvez seja o início, o primeiro passo.

"Uma águia não subsiste com migalhas de pão."

domingo, 25 de abril de 2010

Da minha casa começa já a ver-se a primavera.

Perita

...em dar tiros no pé, porque tem a mania de falar antes do tempo.
Por este andar, qualquer dia deixa de gastar dinheiro em sapatos.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E também

Manténs-te envolto numa realidade singular, mesclada de minudências idiossincráticas. Não rodas o pescoço. Olhas sempre em frente. Mesmo quando, em frente não está o futuro.

"Fiapos de nuvem bordam o céu de branco. Os raios de um sol primaveril aquecem-lhe a pele e entorpecem-lhe os membros. De repente, ela diz:
- Os girassóis. Os do Van Gogh ou quaisquer outros. Desde que tenham a cor do açafrão."

terça-feira, 20 de abril de 2010

Haiku II

A chuva não pára!
Não florescem malmequeres.
Não brilham os meus olhos.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aos poucos

Não perguntaste. Eu sei que não perguntaste. Nunca perguntas. Não queres saber a reposta. O medo tolhe-te a curiosidade. Se perguntasses ficarias a saber. E se soubesses, não poderias continuar a ignorar.
De qualquer forma, e porque apenas sou guiada pela minha vontade, vou dizer. Ou melhor vou dizendo, aos poucos, como quem não quer a coisa. E tu, sem perceberes, vais gravar. E não vais conseguir esquecer.

"Num dia morno, ela deita-se na relva, debaixo de uma faia. Abre bem os olhos para o céu. Sente o frio da terra nas costas e nas narinas. Percorre cada contorno da árvore que oculta o sol. Grava na retina os pantones. Fica ali até que alguém a chame. É feliz."

terça-feira, 13 de abril de 2010

Tu

Quando te tenho aqui,
O Mundo que carrego nas costas,
Transforma-se numa pena de colibri.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um dia destes ainda descobres.

Estava ela descansada, no recato do seu lar, a desempenhar as tarefas domésticas próprias de uma dona de casa, quando recebeu uma mensagem via e-mail, com uma proposta mais ou menos indecente. Leu-a duas ou três vezes, enquanto decidia se lhe dava ou não resposta. O espécime que a tinha enviado, (e que vai ficar outra vez furioso consigo, quando ler isto) tentava convence-la a comparecer num encontro romantico-erótico. Após aturada ponderação e apesar de se sentir fortemente tentada, resolveu responder-lhe negativamente, declinando a proposta. No entanto, e uma vez que se trata de uma criatura por quem nutre alguma espécie indefinida de carinho, e para que não ficasse triste, resolveu propor-lhe em alternativa, um encontro filosofico-argumentativo. Ele ficou quase ofendido com a proposta mas, mesmo assim, tentou argumentar em seu favor, expondo um raciocínio quase elaborado. Ela, mostrando-se inflexível, rapidamente lhe desmontou os argumentos. Quando ele percebeu que ela não iria ceder amuou, tentou fazer chantagem, comparou-a à mãe. Ele desistiu , não sem antes proferir uma ultima afirmação: "tens um jogo psicológico muito fraco". Face a esta asserção, e como "contra factos não há argumentos" ela resolveu abandonar também a contenda e remeter-se ao silêncio.
Se ele não compreendeu, não será ela quem lhe vai explicar. Em vez disso, vai ali fumar um cigarro.

(Miúdo. Continuas a ser a minha maior fonte de inspiração. Que te sirva de consolo.)

domingo, 4 de abril de 2010

Haiku

Escuto daqui,
as árvores que crescem,
o tempo que passa.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Hoje começou mais uma aventura.

Em breve aparecerão os resultados da mesma.