domingo, 31 de janeiro de 2010

Não sei bem o que lhe chamar


(aceitam-se sugestões)

sábado, 30 de janeiro de 2010

O fim à vista

O toque de algo gélido na pele despertou-lhe os sentidos adormecidos. Olhou em volta, avistou o longo areal deserto, as rochas pontiagudas, o oceano imenso. Estava nua, mergulhada na água do mar até ao pescoço. A noite estava quente, não corria uma brisa que fosse em toda a extensão da praia. O mar imóvel, cobria a terra como um manto alisado pelas mãos eficientes de uma dona de casa. Apenas a irreverência de pequenas ondas que feneciam na linha da areia, com o seu movimento hipnótico, perturbava a calma. A lua iluminava todo o areal, deixando um rasto prateado no negro do mar. As ondas sussurravam promessas doces. A sua mente estava apenas concentrada nas sensações que os sentidos lhe proporcionavam, a imagem, os sons, o toque frio da água a acalmar o calor da noite. A beleza que a rodeava era irreal, imaterial, dolorosa. Ela desejou que o tempo parasse, que um ser superior congelasse aquele momento até a eternidade. Não sabia o porquê do seu desejo. Sentiu uma necessidade premente de se abstrair do que a rodeava. Queria perceber onde estava, como tinha chegado aquele local. Repentinamente, os eventos recentes foram-lhe assomando à memória, em ordem inversa, como se estivessem a ser passado em reverse na televisão da sua razão.

Os pés nus a tocaram a areia húmida. A roupa a ser despida lentamente, com a languidez de um ser acabado de acordar de um sonho. Os sapatos a caírem dos pés a meio caminho do mar. Ela a sair do carro e a aproximar-se da escarpa procurando o caminho até à praia. Ela a estacionar o carro, a desligar a ignição e a sair, deixando a porta escancarada.
Ela a conduzir acima do limite de velocidade, sem qualquer atenção à estrada, apenas a observar, através do vidro lateral do carro, a paisagem, a passar rapidamente, muito rapidamente, riscando o ar como se este fosse um quadro de um pintor impressionista. Ela a entrar no carro e a liga-lo e a meter a primeira e a arrancar velozmente.
Ela a levantar-se da cadeira onde estava sentada e a começar a afastar-se dele.
Ele a debitar palavras, há um tempo interminável. O seu discurso redundante, que não saia do sítio, que não ia a lado algum. Ela a olha-lo com uma expressão sofrida. O calor daquela noite a oprimir-lhe os pensamentos e a dificultar-lhe a respiração cada vez mais sôfrega. As ideias desorganizadas na sua mente. O discurso dele a tornar-se perturbador, de tão codificado. Ela a escuta-lo em silêncio, tentando, sem sucesso, concentrar-se nas palavras dele, elaborar um quadro legível, um todo coerente, com os sons que saíam da sua boca.
As últimas palavras dele, a activarem a compreensão, a organizarem o todo, a explicarem o porquê daquele encontro.
-Já não consigo mais. É o fim...

Entrou de novo dentro de água. Mergulhou de cabeça no oceano, imenso. Deixou-se abraçar pelas ondas, beijar pela água salgada. E pensou. Talvez seja mentira. Talvez o oceano seja infinito. E reconfortou-a saber que existia algo cujo fim não está à vista.

Da janela da minha casa vejo o mundo todo.

Olhares,

que me queimam a pele,
que te denunciam as intenções.
Palavras,
que me prendem os sentidos,
que me despertam emoções.
Sorrisos,
que iluminam a noite,
que cativam multidões.
E no fim, tudo se mantém, tudo permanece.
E eu aguardo, pacientemente,
pela coragem que tarda, que não aparece.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

E hoje fiquei por cá

Ontem fui ao lado de lá

Quando é que voltas a escrever para mim?

Perguntaste-me quando voltaria a escrever-te. E eu fiz-me de desentendida e questionei o que tinhas dito.
Sabia muito bem do que estavas a falar, mas queria que me explicasses, com as letras todas. Queria que voltasses a afirmar com toda a certeza, que gostas de me ler, que apesar de te faltar o tempo, arranjas sempre um bocadinho para vir aqui. Queria que me voltasses a repetir que comprarias o meu livro, se eu um dia o escrevesse.
Mas tu não fizeste nada disso. Limitaste-te a dizer-me para esquecer.
E eu fiz de conta que esqueci, porque não sei fazer de outra forma.
E assim, continuamos a brincar ao gato e rato.
Até quando?

sábado, 23 de janeiro de 2010

Nós e os homens.

De manhã, enquanto lia este post, no blog Teorias da Costa, começaram a fervilhar-me algumas ideias na cabeça, que fizeram tocar campainhas entre os meus, ainda meio adormecidos, neurónios
Há já algum tempo que, no dia-a-dia, recolho dados empíricos, quer através de contactos pessoais, quer profissionais, que encaixam num padrão, e que de alguma forma, a meu ver, vão de encontro à dissertação da Paula.
Para início de conversa, acredito que os homens, na sua generalidade, têm cerca de 10 anos de atraso na maturidade emocional, relativamente às mulheres, e da mesma forma, também têm 10 anos de atraso na maturidade com que estabelecem relações de intimidade com o sexo oposto.
Assim, até perto dos 20 anos, os homens (a quem deveríamos chamar rapazes) comportam-se como se tivessem 10 anos, pois querem apenas divertir-se. Nessas idades, escolhem as parceiras disponíveis para jogar os seus jogos, sem criar qualquer tipo de intimidade com as mesmas. Têm uma memória muito fraca e esquecem-se facilmente que têm uma namorada e por isso envolvem-se com outras mulheres com frequência e/ou trocam de parceira, cada vez que o jogo se torna aborrecido.
A partir dos 20, 20 e poucos e até perto dos 40, entram numa fase similar à adolescência. Assumem que a sua relação amorosa é perfeita, que vai durar para toda a vida e que apenas poderão ser felizes ao lado daquela mulher. Se a coisa corre mal, está o caldo entornado. Se a relação fracassa, o luto arrasta-se demoradamente, para infortúnio do próprio e de qualquer outra rapariga que por ele se interesse. Quando a relação termina, seja por iniciativa própria, seja por iniciativa da companheira, tendem a ficar bloqueados, presos ao passado e sem capacidade para investir na descoberta de novas candidatas ao lugar de namoradas/mulheres. A primeira coisa que fazem, quando lhes aparece uma rapariga interessada em si, é compara-la com a anterior e encontrar todos os defeitos possíveis, face às virtudes da outra, não lhe dando sequer uma oportunidade de mostrar o interesse que possa ter. Ou então, até lhe dão a tal oportunidade, mas passam todo o encontro a contar-lhe como era maravilhosa era a sua ex. A coisa parece que piora quando são eles a terminar a relação. Num momento, estão fartos e não aguentam mais. Passados alguns dias, consideram que cometeram o maior disparate, que era aquela a mulher da sua vida e que terão que reconquista-la rapidamente, correndo o risco, se não o fizerem, de viver infelizes para sempre. Quando a rapariga, que foi abandonada não responde positivamente à tentativa de reconquista, o mundo acaba e passam a viver nas trevas do sofrimento atroz de macho rejeitado. Nessa altura, parece que a memória se lhes apaga, e que se esquecem que a rapariga era particularmente irritante, tinha a mania que mandava em tudo e todos, fazia birras quando a contrariavam e odiava os seus amigos. Tudo isso é esquecido, atirado para trás das costas e a bruxa má, que uns dias antes lhes fazia a vida negra, transforma-se, por artes mágicas, numa Branca de Neve que é colocada num pedestal. E nós, mulheres de 30, não conseguimos compreender essa fixação, porque desde a adolescência que não nos sentimos tal coisa.
Quando passam a barreira dos 40, as criaturas do sexo masculino, finalmente chegam a etapa do desenvolvimento das mulheres de 30. Começam a sentir que o tempo não é ilimitado, e portanto, deixam de o desbaratar a carpir mágoas e a perseguir quimeras. Estão, nesta altura, capazes de seguir em frente quando acabam uma relação e de deixar em paz a mulher de quem se desvincularam e passam a estar rapidamente disponíveis para fazer explorações no mercado e investir mais ou menos seriamente em novas relações.
Posto isto, acredito que, cada vez mais, as mulheres na faixa dos 30, põe de lado os rapazes da sua idade e escolhem, quando querem brincar, rapazes de 20 com abdominais delineados e que no dia seguinte já se esqueceram de quem elas são, e quando querem falar sério, homens com mais de 40, que não tem tempo a perder com o passado e que querem leva-las ao colo até ao futuro.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Danças?

Não necessitaste de muito mais que um olhar, para derreteres o coração de aço que habita o meu peito. Algumas das memórias que guardo dos nossos encontros são algo difusas, outras são vivas, como se ainda estivesse contigo. Penso que te vi chegar e escolher um local para permanecer, mas não consigo estar certa. Mas tenho a certeza que ficaste dentro do meu campo de visão e que passei grande parte da noite a procurar os teus olhos e a fugir do teu olhar. E passei grande parte da noite a sorrir-te às escondidas, para que ninguém, além de ti, visse o meu sorriso. E tu sorrias-me de volta com o olhar. E ficamos nisto, até que eu deixei de me importar com os outros, por um bocadinho, e sorri para ti com todas as minhas forças, e chamei-te com o olhar. E com o olhar tirei-te as dúvidas que ainda tinhas e dei-te as certezas de que precisavas. E trouxe-te até mim. E foi nesse momento em que te aproximaste e me falaste, que eu comecei a lutar contra mim própria, contra as minhas vontades, contra os meus desejos. E lutei enquanto me encantavas com o teu discurso, e lutei enquanto te esforçavas para compreender as minhas palavras que te soavam vazias de sentido, e lutei quando me procuravas o olhar, e lutei quando te aproximavas de mim e lutei quando me perguntavas se dançava. E não sei bem porque lutava. Talvez por medo do desconhecido, talvez por pensar que já não sabia como se faz, talvez por pensar que era impossível, talvez por pensar que tu não tinhas qualquer razão para me querer, talvez por insegurança. O certo é que lutava. E o certo é que perdi a batalha contra mim. Perdia-a, quando me permiti olhar-te nos olhos, quando me permiti tocar com a ponta dos meus dedos nos teus, quando me permiti aproximar de ti e sentir o teu cheiro. E quando tudo isso aconteceu, o meu coração de aço, que já tinhas derretido, cresceu e começou a transbordar e a invadir todos os espaços livres do meu corpo, e eu abandonei-me à minha vontade e à tua vontade e parei de lutar. E nunca perder uma batalha me fez tão feliz. E depois de me render, apenas queria que me fizesses prisioneira de guerra, e me levasses dali contigo, para sermos apenas os dois, sem mundo à nossa volta. Nem que fosse só por aquela noite. Mas não tive coragem de te pedir.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Timidamente,

devagar, a medo, começa a espreitar.  Espeta os seus arpões, perfurando o algodão. O negro carregado já não o assusta.Começa a ganhar a batalha. Terá vindo para permanecer?

sábado, 16 de janeiro de 2010

O meu amigo

O meu amigo é uma pessoa muito especial.
Conhecemo-nos num dia de Outono, há muitos anos. Apaixonamo-nos à primeira vista. Desde esse dia, nunca mais nos largamos. A pouco e pouco e a muito e muito, fomos alimentando uma amizade que extravasa todas as fronteiras da existência e que resiste hirta a algumas penas.
Não consigo descrever o meu amigo. Não consigo explica-lo por palavras. Ao meu amigo, sinto-o com o coração, ou para os mais puristas da fisiologia, com o hipotálamo. Só dessa forma o apreendo, o conheço, o explico.
O meu amigo é o meu outro irmão que não tenho.
Hoje, sei-o triste, sei-o sofredor, e não tenho poder para lhe parar a dor. E por isso, a sua dor dói-me na alma e as suas lágrimas caem em mim.

Redes

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Destroços de um naufrágio

Cruzei-me contigo num espaço e tempo inimagináveis. Estavas sozinho, desprotegido, à espera do nada, ou à espera de tudo. E eu, empossada de cavaleiro-andante, salvei-te. Sem perguntar sequer se querias ser salvo, sem imaginar os danos que poderiam ser causados pelo meu acto. Ou imaginando e não querendo permitir-me ver, pois a perspectiva de um momento feliz, encandeava-me a íris. Indiquei-te o caminho que deveríamos tomar e tu seguiste-me sem questionar direcções ou intenções. De repente, rebelaste-te, tomaste as rédeas e imobilizaste-nos para bombardeares os meus olhos com o teu olhar meigo. Senti o mundo à nossa volta a diminuir, a perder o peso que nos faz carregar, dia após dia. A terra parou de girar, a lua perdeu o seu brilho, o cosmos mingou. Os seres, que nos circundavam, tornaram-se transparentes, transformaram-se em espectros das nossas sombras. Rodeou-nos uma luz ténue, que apagou o matiz negro da noite e nos iluminou, apenas aos dois, dois pólos opostos de um íman, atraindo-se até ao infinito. E enquanto tudo se transformava, eu permaneci intacta e tu permaneceste intacto. Permanecemos, até que o devir nos apartou, da mesma forma abrupta que o acaso nos uniu. Partimos, afastando-nos em direcções opostas, costas voltadas, aparentemente indiferentes.
Hoje, à distância, finalmente sei que me aprisionaste a razão e a emoção. Trancaste-as num cofre-forte e destruíste a chave e a combinação secreta. E, no aqui e no agora, cada vez que a memória de ti me assoma a mente, os cantos dos lábios erguem-se num sorriso eternamente pateta. E na pele inflamam-se-me os milhões de poros, erguendo-se ao vento todos os pêlos neles plantados. E o ventre incendeia-se-me, num fogo tão lento como os movimentos que usavas para me percorrer o corpo com as pontas dos dedos.
E neste estado de feliz agonia, náufraga da vida, mantenho-me à tona, agarrando-me às bóias de salvação que me envias, aguardando pacientemente pelo próximo olhar, pelo toque seguinte, pelo abraço que tarda.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

ADORO

o aprisionamento da paixão, mas gosto ainda mais de ser livre, para me apaixonar todos os dias.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sonhar

Os últimos dias têm sido tempos de encontros e reencontros. Hoje, quando percorria com rapidez os corredores de um Centro Comercial ao pé do mar, cruzei-me com uma amiga que já não via há alguns meses. Estranhei encontra-la sozinha, pois nas últimas vezes que tínhamos estado juntas, não conseguia separar-se do seu novo namorado. Perguntei, um bocado a medo, pelo rapaz. Respondeu-me que a relação tinha durado demasiado tempo e que já tinha terminado. Sem que fosse necessário perguntar-lhe mais nada, contou-me de fio a pavio todas as desventuras que tinha vivido com o jovem. E terminou dizendo:
-Mas o que me fez desapaixonar, foram as tentativas dele, para inibir a minha capacidade de sonhar.
E após essas suas palavras, apenas consegui sorrir-lhe e dizer:
- E isso é algo que não podemos permitir a ninguém.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Pequenos momentos

Estou doente. Sinto a cabeça a estoirar, dói-me o corpo todo, estou com uma tosse constante e pareço uma fábrica de mucos nasais. Custa-me andar, pensar, mexer e a última coisa que me apetece é sorrir.
Arrastei-me até ao supermercado, para comprar alguma coisa para o jantar, porque o frigorífico está vazio e os deveres de mãe a isso me obrigaram. O esforço de conduzir os cerca de 800 metros que separam a minha casa do supermercado, junto com as manobras de estacionamento, levaram-me as poucas forças que ainda me restavam. Subi no elevador, e entrei num mundo de luz que agudizou a minha dor de cabeça. Dirigi-me à banca da fruta e comecei a colocar umas laranjas num saco.De repente comecei a rir à gargalhada sozinha, no meio do supermercado, atraindo os olhares de quem se cruzava comigo.
E porque me ria? Ria-me, porque nas colunas de som do supermercado, estava a dar esta música. E ria-me, porque me lembrei de ter, mais ou menos, dançado esta música com alguém, enquanto nos riamos à gargalhada, por não acreditarmos que a estávamos a ouvir, numa discoteca de bom gosto, no século XXI. E perguntava-me ele, se sabia quem a cantava. E eu continuava a rir, e dizia-lhe que não fazia ideia alguma, porque continuo a não acreditar que esta música existe e foi um sucesso. E a rir, continuamos ambos a quase dançá-la.
E depois, já metidas as laranjas no saco, deixei de rir à gargalhada e sorri apenas, com as memórias dessa noite. Esta ida ao supermercado deixou-me com um bocadinho mais de energia, e fez-me esquecer as dores e a tosse. Quando cheguei a casa, resolvi fazer uma caneca de chá, do meu novo chá preferido, Lipton - Andaluzia, e partilhar este pequeno momento. Partilhei porque sei que, se leres o que escrevi, também te vais rir, e também vais ter um destes pequenos momento que tornam a vida mais colorida.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Não foi por acaso.

Tenho um amigo que não acredita em coincidências. Cada vez que lhe digo, que qualquer coisa aconteceu por acaso, começa a barafustar comigo e dá-me um sermão acerca das energias que nos guiam, da minha aura carregada e de como cada acontecimento está encadeado com o seguinte de forma predestinada. E eu reviro os olhos e tento mudar de assunto.
Se o meu amigo ler o que vou escrever de seguida, nunca mais vou conseguir atura-lo.

A noite começou animada, mas rapidamente se tornou aborrecida. Opiniões divergentes e vontades opostas geraram a discórdia. O cansaço de uma noite mal dormida, adicionado a um dia de problemas no trabalho e alguns quilómetros percorridos desconfortavelmente, deixaram-me sem paciência para discussões e sem vontade de ceder a caprichos. Por isso resolvi afastar-me e apanhar um pouco do ar fresco da noite. Comecei a caminhar sem saber muito bem para onde ia. Uma força exterior ao meu corpo impelia-me a colocar um pé à frente do outro. Uma voz baixinha sussurrava-me ao ouvido, que era aquela a direcção a tomar, e que era aquele o destino final da noite. Deixei-me guiar por ambas, pois inexplicavelmente, não me estava a ser permitido ter vontade própria.
Entrei no local indicado, sentei-me numa cadeira e pedi um café. O empregado, mal-humorado, serviu-me e voltou para trás do balcão. Bebi o café e fiquei imóvel, a observar as pessoas que me rodeavam. Um grupo de 4 amigos estava a jogar um jogo, um casal discutia, duas amigas dançavam…
De repente, algo que me captou a atenção. Ao longe, no outro canto daquele espaço, sob a luz fraca de um candeeiro, algo verde brilhava. Olhei em volta. As outras pessoas estavam envolvidas nas suas actividades. Ninguém tinha reparado no mesmo que eu.
Voltei a olhar. Percebi que os objectos eram duas esmeraldas, e que reluziam intensamente, poderosamente. Mas parecia que mais ninguém as via, que mais ninguém sentia o seu poder.
Compreendi então o porquê e o como da questão. Apenas eu poderia possui-las, mas no entanto, eram elas que já me possuíam, que me atraíam para si como um íman, e que não me deixariam sair daquele local sem as levar comigo.
Compreendi, então, que fora por sua causa, que percorri aquele caminho.
Compreendi, então, que naquele dia, àquela hora eram elas o meu destino. E deixei de acreditar em coincidências.

domingo, 3 de janeiro de 2010