domingo, 30 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

domingo, 23 de setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Surrealidades

Resolveram insuflar-me o ego. Agora ninguém me atura.

Cavalgar o mar. Flutuar em terra.


Como diz o outro: Sail!


domingo, 9 de setembro de 2012

Já não te sei educar neste mundo.

Quando a minha filha tinha cinco anos, chegou um dia a casa, vinda da escola, muito triste. À pergunta "O que se passa?" respondeu com um choro convulsivo. Nesse dia tinha havida passeio da escola. Imaginei que num momento de distracção das professoras, algum menino lhe tivesse feito alguma  maldade e por isso chorasse. Consegui acalmá-la para que me contasse o que a preocupava. O dia tinha sido muito divertido. Tinha brincado muito com os  outros meninos, mas tinha acontecido uma coisa que a deixou muito triste. Quando a camioneta do passeio partiu, perto das 10 horas da manhã, as mães ou os pais dos outros meninos estavam lá para lhes dizer adeus e ela não tinha ninguém de quem se pudesse despedir. Tal nunca me teria passado pela cabeça. Com calma, expliquei-lhe que àquela hora eu tinha que estar a trabalhar e que não poderia faltar ao trabalho. Expliquei-lhe a importância que tinha o trabalho, quer em termos de subsistência, quer de realização pessoal, quer ainda de contributo para o desenvolvimento do país. Expliquei-lhe que os pais dos outros meninos estão desempregados e que isso é uma situação que deixa as pessoas tristes. Encontrei com ela uma solução alternativa, de me fazer representar em situações futuras pelos avós que estão reformados. Arranquei-lhe um sorriso e consegui fazer passar a mensagem, pois ouvi-a, passado algum tempo, a repetir o discurso numa conversa com as amigas. Tudo ficou bem.
Na passada sexta-feira à noite, por volta das 19:30, depois de ter emitido todos os palavrões que conheço, e eu conheço muitos palavrões e diversas combinações dos mesmos, comecei a questionar os valores do trabalho que incuti à minha filha. Fiz algumas contas. Trabalho há doze anos na mesma entidade e lido no dia-a-dia com o desemprego e com desempregados. A cada dia que passa, vejo os valores relativos ao trabalho a degradarem-se exponencialmente. Quando comecei, a maior parte das pessoas tinha vergonha por estar desempregada. Como psicóloga, era uma das minhas funções apoiá-las na aceitação da sua situação, na definição de projectos de vida e na promoção da empregabilidade. Quando comecei, chegava muitas vezes a casa arrasada com as histórias que me eram relatadas, com os sentimentos que eram expressos, com as dores emocionais de quem se sentava à minha frente. Com o passar do tempo, não sei se por mecanismos de defesa, se por desânimo apreendido, se porque sentem que é um estado instituído, a maior parte das pessoas que se sentam diante de mim já não querem saber de trabalhar, querem apenas encontrar uma forma de ganhar dinheiro fácil, se possível, sob a forma de subsídio. Poucos são os que solicitam apoio na definição ou redefinição de projectos. A minha função, hoje em dia, é a de convencer desempregados de que é importante trabalhar.
Na sexta-feira por volta das 19:30 fiz mais contas e constatei que o meu vencimento, neste momento, é menor do que era há doze anos, quando iniciei a minha actividade profissional nessa entidade, e que a curto prazo irá diminuir ainda mais. Numa leitura pessoal daquilo que foi vocalizado pelo Primeiro-Ministro, o que escutei foi que o trabalho é algo com cada vez menos valor, quer monetário, quer moral e que portanto, o proveito do mesmo pode ser retirado para fins que não se sabe muito bem quais são e que não há qualquer problema. Na sexta-feira, por volta das 19:30 compreendi porque já não se esforçam as pessoas para encontrar trabalho. Afinal, a quem nada tem, nada poderá ser tirado. Na sexta-feira por volta das 19:30 fiquei com medo de, numa outra situação similar à relatada no inicio deste post, não conseguir ser suficientemente eloquente, porque  deixei de ter vontade de continuar a trabalhar, porque já não acredito que valha a pena.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Eu podia dizer palavrões, mas apetece-me mais fazer uma sondagem.

Numa maior parte dos casos para onde considera que irão os 7%

a) contratação de novos trabalhadores;

b)investimento em inovação e desenvolvimento;
c) aquisição de artigos de luxo.

Vote aqui!


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Pronto, já passou.

Estou particularmente caustica. Aguentem que isto já passa

Um dia destes, depois de ter dado com isto enquanto fazia zapping e percorria os 5000 canais por cabo sem qualquer interesse que tenho cá em casa, fiquei tão perturbada que tive que ir à procura do Gran Torino que tinha ali guardado para uma emergência, ainda dentro do celofane. Vi o filme e repus o equilíbrio no meu mundo, não sem antes pedir a todos os deuses que nunca deixem que nos falte o dinheiro para a droga.

"Não voltarei a ser fiel"*

Uma das ironias da minha vida é um acontecimento que se vai repetindo volta e meia. Aos poucos, alguém que me é querido resolve que deve deixar-me para trás, resolve largar-me por entre os dedos e deixar-me ficar. Atribuo essa atitude ao facto de eu ser chata, de eu ser demasiado exigente com os outros, de eu não me contentar com migalhas do que quer que seja. E nem toda a gente tem paciência para aturar tal comportamento. Nestas alturas, pouco ou nada insisto para que me agarrem. Descobri já há algum tempo que, por muito que me percam, eu consigo sempre encontrar-me em mim. Por isso continuo o meu caminho, sem pensar muito no assunto. Mas no meio disto tudo há outra situação que se repete e que me baralha. A maior parte destas pessoas regressa qual filho pródigo arrependido, à procura da honestidade e lealdade que sempre lhes devotei e que resolveram desperdiçar, bradando aos céus sobre a falta que lhes fiz. E não compreendem que eu decline a sua companhia. Não compreendem que, por muito fácil que para mim seja deixar-me perder, o meu excessivo egoísmo não permite que eu me deixe reencontrar, até porque sei que, mais cedo ou mais tarde, voltarão a deixar-me na beira da estrada, entregue apenas a mim própria, com urgência de me voltar a achar.

* Música dos Santos e Pecadores e um dos meus GP