Olha para trás, olha em frente. O pescoço gira num movimento preguiçoso. Um conjunto de pensamentos entra-lhe na caixa craniana, girando em torno da espiral de cogitações que lá habita. Pensamentos que, por breves momentos, lhe assombram o sorriso aberto, aquele sorriso que teima em continuar a habitar os seus lábios, boca, dentes, língua.
Ando constantemente atrasada ou adiantada. Raras vezes consigo andar acertada com o resto do mundo. E nas poucas alturas em que isso acontece, não consigo o perceber e, na tentativa de me ajustar, volto a deixar-me ficar para trás ou a avançar demasiado. Hoje, sinto que estou simultaneamente demasiado avançada para poder usufruir da perspectiva de um futuro pródigo e com um atraso significativo relativamente a um sonho que quase vivi. Tenho agora duas opções. Abandono-me à desesperança, ou sigo o teu conselho e esqueço o que já foi, ignoro o que está para vir, vendo todos os relógios físicos e desobedeço aos imateriais, solto mais uma gargalhada e deixo-me ser feliz no aqui e no agora. A escolha é simples. Assim o fosse a eliminação dos velhos hábitos.
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