A indiferença radicalmente excluída
Tudo se jogava
Em torno do ventre louco e das palavras sem nexo
De uma mulher feita para si mesma
E mais bruma do que real
Tinha um encanto a mais
Do que essa de quem nascera
Pleno de virtualidades
Acolhia tantos prodígios
Todos os mistérios
Na luz aberta do atónito
Sob a sua imensa cabeleira
Debaixo das suas pálpebras descidas
Numa voz abafada entremeada de risos
Ela e seus lábios contavam
A vida
De outros lábios semelhantes aos seus
Procurando entre eles o seu prazer
Como sementes ao vento
A vida também
De homens tão pouco agarrados a ela
De mulheres com mágoas esquisitas
Que se pintam para se apagar
E ninguém compreendia sobre que fundo de delícias e de certezas
A memória vindoura e memória desconhecida
Faria melhor do que a esperança
Para ser implicada no vulgar, no habitual.
Últimos poemas de amor, Paul Éluard, pp. 29-31. Relógio D'Água.
Para a CS, uma mulher misteriosa, "feita para si mesma", com a esperança que nos deixe ler as suas palavras, pois os seus comentários indiciam que serão um deleite.
ohh...derreti.
ResponderEliminarbjo amigo Maria
Fico à espera das letras no seu blog. (Estou a aproveitar-me do facto de estar derretida para pedinchar.)
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