sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

BONDADE - Sylvia Plath

A bondade plana perto da minha casa.
A Dona Bondade, ela é tão simpática!
As jóias azuis e vermelhas dos seus anéis de fumo
Nas janelas, os espelhos
Enchem-se de sorrisos.

Que há mais real do que um gemido de uma criança?
O gemido de um coelho pode ser mais selvagem
Mas não tem alma.
O açúcar tudo cura, é o que diz a bondade.
O açúcar é um fluido necessário.

De cristais que são como um pequeno penso.
Ó bondade, bondade
a apanhar delicadamente os grânulos!
As minhas sedas japonesas, borboletas desesperadas,
Para fixar a qualquer momento, anestesiadas

E lá vens tu, com uma chávena de chá
Numa auréola de vapor.
O jacto de sangue é poesia,
Nada o pode estancar.
Tu trazes-me dois filhos, duas rosas.

Ariel, Sylvia Plath, pp. 167. Relógio D'Água

Para a Helena. Que nos brinda com a genialidade das suas palavras. Que é mais doce que o açúcar, que é mais bondosa do que qualquer Dona Bondade.

1 comentário:

  1. Que lindooooooooooooooooo :)
    Que emoção! :) Estou com um sorriso enorme no rosto, sentindo uma alegria súbita, um vento de sol, um cheiro de praia, de mar, de ar :)
    Obrigada. Obrigadíssima!!!! :)

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