– Meu corpo, que mais receias?
– Receio quem não escolhi.
– Na treva que as mãos repelem
os corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
o corpo torna-se inteiro,
todos os outros ausentes.
Os olhos olham no vago
das luzes brandas e alheias;
joelhos, dentes e dedos
se cravam por sobre os medos...
Meu corpo, que mais receias?
– Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
me lembram quantos perdi
por este outro que terei.
Jorge de Sena - Pedra Filosofal, Poesia I
Que interessante recear a quem não se escolhe, a quem parece estar afastado!
ResponderEliminarbeijoss
Há alturas em que o que se receia é efectivamente aquilo que não se tem.
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