segunda-feira, 8 de agosto de 2011
O que nos mata as lágrimas torna-nos mais fortes
A vitela estava uma delícia. Apesar de requentada, conservava ainda o sabor do carinho que as mães põe em tudo o que fazem para os filhos e para os filhos dos filhos. As ervilhas estavam moles. Mas com as ervilhas congeladas nunca se consegue acertar no ponto certo de cozedura. A criopreservação confere-lhes uma textura excelente para puré, mas sofrível para legume inteiro. O vinho não era mau. Era branco, estava arrefecido o quanto baste e foi sendo bebido sem sacrifício ou particular prazer. O CSI Ray, aquele que já foi o Morpheus que dominava a origem, que já foi um Othelo mais que evidente, está em apuros. As provas não tinham sido todas processadas e o advogado de defesa apanhou-lhe uma lacuna no argumento. Eu não gosto de ver CSI's em dificuldade. Afinal, eles são os bons da fita, os que metem sempre os maus na cadeia. Bem, sempre sempre não, porque houve aquele episódio em que os maus ficaram em liberdade porque as provas não foram suficientes, ou porque alguém fez asneira. E esse foi um episódio marcante, porque pôs em causa a ordem natural das coisas e as pessoas não gostam que isso aconteça e portanto esse episódio vai ser para sempre lembrado. Se se aceitasse de ânimo leve que não há uma ordem natural das coisas e que o mundo gira na direcção que bem lhe apetece, tudo seria mais fácil. Mas não. A humanidade prefere idolatrar a ordem e abominar o caos. Talvez seja por isso que me sabe sempre tão bem brincar às escondidas e comer marshmallows assados e receber abraços com dois anos de atraso.
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