terça-feira, 2 de agosto de 2011

Lições de evolução

Fosse eu cardiologista
e haveria de inventar
uma máquina poderosa
para o coração consertar.

Ligava uns fios ao torax,
carregava numa tecla encarnada
e em dois ou três segundos
a ferida estava sarada.

Fazia um reset total,
formatava cada emoção.
O músculo voltava ao início,
ao momento prévio à desilusão.

Resolvia assim o problema,
aquele que teima em assombrar,
o medo de que tudo volte ao mesmo
o receio de se deixar encantar.

Ralham-me porque a rima é pobre,
a métrica está sempre a falhar,
e para juntar a tanta asneira,
ainda os ouço a clamar:

"Tens a anatomia trocada!"
Mas alguém se irá importar?
Afinal toda a literatura prega
que é com o peito que se deve amar.

3 comentários:

  1. corações informatizados. Troca a placa, compra mais memória.....blá blá blá.

    Novas anatomias ou velhas, as coisas do coração o pior que têm é que são acumulativas. Nunca mais se é o mesmo qd nos tocam no coração :))

    ResponderEliminar
  2. Fosse eu, sei lá o que eu fazia. A gente nunca sabe o que fazer com um coração inteiro. Só com os quebrados. Sabe, mas não aceita fazer.
    beijosss

    ResponderEliminar
  3. adorei este poema! se o conseguir decorar, hei-de o declamar. fiquei fã.

    ResponderEliminar