Um dia sem aviso, quando tu já quase tinhas desistido até de querer, ouves um ruído e vês que o esperado acaba de te cair no colo. A memória reaviva-se. Recordas-te de todas as penas por que te fizeste passar e abraças a sua chegada com toda a tua força. Na euforia do momento não sentes que os braços se vão soltando aos poucos, que o abraço se está a tornar lasso e que nada fazes para o voltar a apertar. Pensas que é um reflexo, mas não imaginas que é condicionado. Até que sentes que o sorriso começa a esmorecer nos teus lábios e que as tuas pernas querem caminhar para longe. Sentes vontade de fugir. Necessitas de te afastar o mais possível. Sentes-te a sufocar. Pensas que morres se não escapares.
Sem aviso, tal como chegou, percebes que se prepara para de novo partir. Nada fazes para o deter. Tentas esboçar um sorriso para a despedida, mas apenas consegues um esgar. Acenas e respiras fundo assim que o vês dobrar a última esquina.
Descobriste, tarde demais, que agora que se prepara para ser teu, afinal já não o queres.
a tristeza é um purgante poderoso.
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