quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Às vezes é preciso crescer para desfrutar.

"Mas havia mais uma coisa: um livro aberto em cima da mesa. Nunca ninguém abrira um livro numa mesa daquele café. Para Tereza, o livro era o santo e a senha de uma irmandade secreta. Para enfrentar o mundo grosseiro que a rodeava não tinha, com efeito, senão uma arma: os livros que ia buscar à biblioteca municipal e que eram sobretudo romances; lia-os aos montes, de Fielding a Thomas Mann. Davam-lhe uma oportunidade de evasão imaginária, arrancando-a a uma vida que não lhe oferecia satisfação de espécie nenhuma, mas, enquanto simples objectos, também tinham um sentido. Gostava de andar na rua com livros debaixo do braço. Eram para ela o que a bengala era para os dandies do século passado. Distinguiam-na dos outros."

A insustentável leveza do ser. Milan Kundera, pp. 52.

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