- Fazemos bodas de prata!! - Dizemos ambas, quase em uníssono, cheias de orgulho e com a pretensão de fazer inveja a todos os que nos rodeiam.
Pois, é verdade, já nos conhecemos há 25 anos. E já somos amigas há 25 anos. Há idades em que não há tempo a perder, e em que as amizades se fazem em segundos. Os 10 anos são uma idade assim. E esta amizade foi feita assim, em segundos, à porta de uma sala de aulas, de uma escola que já não existe. E esta amizade manteve-se intacta por todos os segundos destes 25 anos, sem que nada a abalasse.
- O que posso escrever sobre ela? - pergunto eu aos meus botões.
Desde que a conheço, o seu coração foi sempre enorme, e parece continuar a crescer. Às vezes penso que tem que o dobrar ou amarfanhar para lhe caber no peito, de tão grande que é. A sua generosidade é do tamanho do mundo. E ao Mundo, conquista-o com um sorriso, porque o seu sorriso é capaz de iluminar os dias tristes. Faz amigos por todo o lado por onde passa. É das poucas pessoas que conheço, que tem muitos bons amigos. E nunca se cansa deles. E eles nunca se cansam dela. Não poderiam. Ela, no meio da sua constância, é sempre uma novidade.
É bonita, inteligente, culta, doce, meiga, afectuosa. E é tão lírica. A sua inocência, por vezes deixa-me louca, por não a deixar ver que a humanidade é perigosa. Mas também tenho muito orgulho nela e na coragem que tem.
É persistentemente teimosa. É distraída. Cozinha bem, apesar de todos negarem e criticarem as suas experiências científicas feitas no laboratório da cozinha. Confesso que, na maior parte das vezes, lhe correm bem e ficam deliciosas.
Adoro estar com ela e sair com ela, e fugir para casa dela e ser mimada por ela. Adoro as conversas na cozinha, de madrugada, acompanhadas de uma garrafa de vinho tinto, de pão e de queijo.
- É a minha amiga mais antiga. - Continuo eu cheia de orgulho. Temos tantas histórias em conjunto. Invariavelmente é a minha primeira confidente. A pessoa a quem revelo as mais inconsequentes loucuras em que me vejo envolvida. Sei que nunca me julga. Sei que me dá sempre apoio, mesmo quando não concorda comigo e faz questão de o deixar vincado. Porque não sabe ser desonesta, porque não sabe mentir, porque é uma das pessoas mais correctas que conheço.
É um dos meus portos de abrigo. E faz-me tanta falta. E queria tanto tê-la aqui, á distância de um passo. E não vou dizer que é a minha melhor amiga. Porque já não é isso que é. Para mim, já é irmã, a irmã que nenhuma de nós têm, e que a mim tanta falta faz.
- Para o que havia de lhe dar agora. - Continuo.
Lembrou-se de pedir, via e-mail, para escrevermos sobre ela. E quando digo pedir, estou a usar um eufemismo, porque na verdade, foi uma quase ordem, como ela escreve "uma intimação". E pediu anonimato. E eu desobedeci. E escrevi aqui. E destrui a minha identidade secreta. Depois de lerem este post, poucos serão os que nos conhecem, que não me identificarão. Mas apeteceu-me gritar ao mundo. Espalhar aos sete ventos o que ela é para mim. Não que fosse segredo. Não que haja ainda alguém que não tenha percebido. Mas porque ela pediu. E se ela precisou de pedir, eu interrogo-me:
- Será que lhe dizemos vezes suficientes? Será que lhe dizemos tudo? Será que lhe dizemos de forma a que ela compreenda?
É: há pessoas que parece que nasceram de mãos dadas connosco! Difícil, quanto lindo, conseguir descrever A amizade.
ResponderEliminar(Partilho:
http://segundachancedavida.blogspot.com/2009/04/amigos-que-sao-como-perolas.html)
Esqueceste-te dos detalhes maléficos...
ResponderEliminarObrigada mana!
beijinhos
Os detalhes maléficos estão disseminados, mas são tão irrelevantes, no meio de todo o resto, que passam despercebidos, na escrita e na vida real.
ResponderEliminar:-*
Lúcia,
ResponderEliminarQuem sabe o que é a verdadeira amizade, sabe que pode contar. Obrigada por partilhares.
Beijo amiga.
Ficou a parecer que eu estava mesmo "fishing for complements"... e os "complements" sabem mesmo bem... mas não era bem só por aí... mas talvez no Vosso lugar eu fizesse o mesmo :)
ResponderEliminarenfim: taras, manias e caprichos
(Sim, este detalhe maléfico até eu percebo: caprichosa!)