É inverno. É noite. Está frio. O céu está coberto de estrelas.
Escrevo apenas com a luminosidade do écran, com o brilho das constelações.
Estou de regresso ao meu sítio, à escada do jardim que me serve de pilar. Observo o rasto de condensação que a minha respiração deixa no espaço aéreo. Um rasto de vapor de água. Um rasto de vida. Um rasto que confirma a existência, que confirma que não sou apenas mais uma personagem num sonho de alguém.
Lá dentro, o calor do aquecimento ameniza o ar, conforta a pele. Lá dentro, o calor do aquecimento entorpece os sentidos e a razão.
Cá fora, a ouvir os sons da noite, a olhar os milhares de pontos de luz que iluminam o horizonte, sou capaz de comunicar comigo, sou capaz de encadear pensamentos, sou capaz de me encontrar.
Uma estrela cadente acabou de cruzar o céu. Extingue-se em segundos. Fico absorvida pela beleza da luz que emitiu.
A superstição diz que se deve formular um desejo. Deveria ter formulado um desejo. Não o fiz. A descrença não permitiu. O meu único desejo não é realizável.
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