sábado, 28 de novembro de 2009

Renascimento




É noite.
A inquietude que me atravessa conduz-me, novamente, às escadas do jardim. Está frio. A noite traz consigo uma humidade que se entranha na pele. Contudo, este é o lugar onde, inexplicavelmente, me sinto aconchegada. É o meu porto de abrigo.
Olho em volta. Algo acabou de explodir dentro de mim. Encontro pedaços do meu ser espalhados por todo o lado, até ao horizonte. Em simultâneo vejo milhares de pontos de luz a iluminar a paisagem negra. Percebo, ao olhar em redor, que todas as referências familiares estão nos seus lugares. Nada à minha volta mudou. Levanto-me. Mentalmente apanho cada caco da minha existência. Junto-os no regaço. Começo a desfaze-los em areia. Moldo uma nova configuração. A pouco e pouco, a minha essência adquire nova forma. Invade-me uma sensação de serenidade. Sinto-me reconstruída, recriada, renascida. Pronta para recomeçar a viver.

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