Os fantasmas que assombram as tuas noites impedem-me de dormir. Sinto-os a toda a hora na cama que partilhamos. Enfiam-se entre nós. Revolvem-te o corpo e a mente. Agitam-te o sono.
E eu não durmo, para poder velar o teu repouso, para te proteger dos males do passado.
E tu nem sequer queres ser protegido.
Perpetuas o teu sofrimento para te manteres vivo. Enalteces a tua dor, que dizes ser a maior de todas. Escarneces do pesar dos outros. Dizes que não é cotejavel com o teu.
Vais-me deixando ficar, mas manténs intacto o muro que criaste entre nós. Não me deixas entrar na tua pele. Não me deixas invadir-te o conhecimento.
Escreves, falas, cantas. Dás-me a ler as tuas cartas, serves-me as tuas palavras, fazes-me entoar as tuas canções. Mas nenhuma das tuas palavras é para mim. Não sou eu a tua musa.
Há dias em que me chamas para ti. Pareces querer fazer-me tua. Mas rapidamente voltas atrás. Rapidamente me esqueces. Sem aviso, refugias-te no passado. E eu fico sozinha. E percebo.
Não te faço falta. Não me queres. Nunca me quiseste. Jamais me quererás.
E eu não tenho coragem para partir.
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