sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Noite

Tudo no dia é dor. Tudo no dia, me dilacera os sentidos.
A claridade do céu pesa-me sobre os ombros,
A luz do sol incendeia-me as pupilas,
O verde dos plátanos fere-me a pele,
O bater de asas das gaivotas ensurdece-me.
Idolatro a coruja, que guarda a noite, que caça silenciosa.
Alimento-me do luar que esconde os seres clandestinos.
Encanto-me com as sombras alongadas, dos vultos furtivos
Enfeitiço-me com o silêncio majestoso da escuridão.
Quero parar a rotação da terra. Quero prolongar a noite.
Porque apenas a noite me traz à memória.
Tudo o que o dia teima em apagar.

1 comentário:

  1. Anónima mas non troppo21 de novembro de 2009 às 22:41

    Houve uma altura recente da minha vida, em que a beleza me magoava.Evitei-a. Senti que estava de novo acordada, quando deixei de me afrontar pelas pequenas coisas lindas que eu amava na vida! Foi aos poucos...

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