"- Eu sei. Diabos me levem por este meu mau feitio. Um ataque de ciúmes! Quando me estava a despedir dela, arrependi-me, beijei-a. Mas não lhe pedi desculpa.
- Por que não lhe pediste desculpa! - exclamou Aliocha.
Mítia, de repente, riu-se quase com alegria.
- Deus te guarde, querido rapaz, de alguma vez pedires desculpa à mulher amada! Sobretudo à mulher amada, por mais culpado que sejas para com ela! Porque a mulher, meu amigo, é...só o Diabo sabe o que ela é. De entre o pouco que conheço, às mulheres conheço-as bem! Se confessarmos à mulher a nossa culpa, desaba logo em cima de nós uma avalancha de censuras! Nunca nos perdoará directa e simplesmente, antes nos humilhará até mais não poder ser, antes nos acusará, mesmo de coisas que nunca aconteceram, não deixará passar nada mas, pelo contrário, acrescentará ainda alguma coisa da sua parte, e só depois perdoará. A melhor, a melhor de todas fará assim!"
Fiódor Dostoiévsy. Os Irmãos Karamazov. (pp. 314, vol II)
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