quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Frieza

- És tão má!
- Porque me estás a dizer isso? Por que razão dizes que sou má?
- Porque és incapaz de um gesto de carinho para comigo. E eu que te adoro.
- És tão lamechas. Pára lá com isso.
- Porquê? Não posso dizer que te adoro? Que passo o dia á espera de poder ver-te, de poder tocar-te, de poder ouvir a tua voz, sentir o teu cheiro.
- Já te disse para acabes com isso. Detesto essa conversa. Não foi isso que combinamos.
- Pois não. Mas, agora, é esta a realidade. Estou perdidamente apaixonado por ti. E tu? Para ti sou apenas alguém de quem te serves quando estás esfomeada e cujos restos deixas na valeta a apodrecer quando te satisfazes.
- És tão exagerado.
- Não, não sou. Sou apenas um homem apaixonado. Um homem desprezado, que passa cada segundo do dia à espera de um sinal de que é correspondido.
- E depois do sinal?  O que acontecia? Ajoelhavas-te e pedias-me em casamento à moda antiga. Casávamos e éramos infelizes juntos, para todo o sempre. Até que a morte nos separasse.
- E por que razão seríamos infelizes?
- Porque a experiência diz que é assim. Porque eu sou incapaz de amar alguém. Porque sou capaz de cometer as maiores atrocidades quando me provocam.
- Isso é impossível. Ninguém é incapaz de amar. Falas como se fosses uma velha.
- E sou. Eu já esgotei tudo o que tinha para dar.  Apenas procuro companhia e a satisfação das minhas necessidades mais básicas. Sinto-me como se tivesse centenas de anos. Não tenho apetência para gestos de carinho. Não tenho paciência para pajear quem quer que seja. Sou livre para desprezar.
- Não aguento mais isto. Vou embora. Desta vez não regresso.
- É o preço que acabo por pagar. Adeus.
- Adeus
- Sem mais demora, o lugar que libertaste é preenchido.

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