- Não sei, não sei e não sei.
- Como é possível não saberes?
- Impossível seria saber.
- Porquê?
- Porque me pedes que defina um conceito que não posso ver, tocar, ouvir, cheirar e principalmente saborear. Pedes-me para definir algo que é apenas uma miragem, que poderá desaparecer se eu der um passo em frente.
- Mas eu consigo defini-lo, apesar de também não o conseguir apreender com os sentidos. E eu preciso de saber.
- E depois, o que farás? Se eu te disser, isso muda alguma coisa?
- Muda, claro. Poderei tomar decisões, alterar tudo, voltar ao principio.
- E o que tu queres é mudar, apagar tudo e regressar à origem?
- Sim. É isso. Por isso te peço que me digas, por favor.
- Então eu digo-te. Digo-te que se o que queres é mudar, então muda, sem estacas ou muletas que te apoiem. E se durante a mudança caíres, só terás que te levantar, e de novo tentar mudar.
- Mas não foi isso que te perguntei.
- Mas isto será tudo o que te direi.
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