sábado, 2 de fevereiro de 2013

Inquietude

O cheiro de livros acabados de abrir invade-me o sistema límbico. É o mesmo que me entra pelas narinas de cada vez que, em sonhos, te aproximas. Sem intenção, numa missiva que prometia inconsequência, impuseste tal ordem à minha vontade, em jeito de reflexo condicionado. E desse dia em diante, o mar compreendeu que perdera o lugar que mantinha cativo, e soube que deveria abandonar-te a epiderme. Traiçoeiramente, anunciando vingança, albergou-se no interior da íris, pronto a galgar barreiras ao mais pequeno vislumbre de um sorriso, pintalgando de verde cada momento feliz. E assim, com a tua prosa, mudaste o desassossego de lugar. De um dia para o outro, tornaste as fileiras de livros que me rodeiam, na tua pele, e o meu mar, para sempre, no teu olhar.

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