Após 3 horas a debitar comandos e mais comandos de programas informáticos cujo único objectivo é transformar fotos mais ou menos más em fotos mais ou menos boas, o formador explicou-nos que, quando temos uma imagem que nos apetece guardar, o melhor é tirar a foto no momento, e depois, se necessário for, apagar alguns elementos que possam estar a sobrar no enquadramento. E dizia-nos isto, mostrando, lado a lado num diapositivo, duas fotos quase iguais, onde apareciam algumas pessoas a construir um tapete de flores para uma procissão. Numa das fotos, aparecia, do lado direito, no meio do asfalto, um balde de plástico vermelho com uma asa branca, na outra aparecia apenas o asfalto brilhante, livre do balde vermelho.
- Photoshop! - dizia o senhor com a sua graça natural que nos arranca risada atrás de risada.
Depois de acabada a sessão, não consegui deixar de pensar no balde vermelho, que ora aparecia numa foto, ora desaparecia na outra. E imaginava como seria tudo mais fácil se fosse possível, em alguns dias da nossa vida, termos um Photoshop da realidade que, com vista a intrujar a existência, comportasse as funções de "apagar pessoas desagradáveis", "clarear o céu cinzento e todas as sombras", transformar as gotas de chuva em arco-íris luminosos", “mascarar o cansaço com boa disposição", entre outras. E na minha versão, num cantinho escondido, estivesse um pequeno botão em forma de coração que, com um simples clique, copiasse e colasse os teus braços, debaixo dos meus lençóis, na hora de eu adormecer.
Será que a Adobe me comprava a patente?
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