Entra pela porta adentro esbaforida e pronta a descrever o novo parque infantil que visitou com os avós. Passados alguns segundos de verborreia, cala-se e pergunta-me se estou a ouvir Leonard Cohen. Apanhou apenas alguns acordes de Darkness, que lhe permitiram imediatamente identificar o artista. Digo-lhe que sim, que estou, e pergunto-lhe como adivinhou. Responde-me com a firmeza de quem tudo sabe: - A voz dele é inconfundível! - e afasta-se, já esquecida da narrativa urgente, a trautear num inglês macarrónico e com um ar trocista de superioridade "so long, Marianne, it's time that we began to laugh and cry and cry and laugh about it all again".
E com isto fico a pensar que se há música que tem a capacidade de se nos entranhar no corpo e correr pelas veias, a do Leonard Cohen vai mais além, invade o núcleo celular, imprime-se no ADN.
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