segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Rescaldo de um fim-de-semana prolongado

A culinária é meu barómetro da paixão. Desconfiem quando eu lhes der puré instantâneo à refeição. É um sinal do princípio do fim. O excesso de álcool no sangue é libertador. Prende a língua, embota as ideias, mas liberta as emoções para que brotem em catadupa. Pelos meios errados atingi os fins desejados. Toda a gente pára na estação de serviço do Pombal. Eu não parei, porque toda a gente estava lá. Apesar das altas temperaturas Lisboa estava fria. Ou então se calhar era eu que estava pouco agasalhada. Há coisas que nunca mudam. Há gente que não compreende isso. "A Shakira não é tão "boa" como tu,porque não tem mamas, mas mexe-se muito melhor". O pior cego é aquele que vê através das lentes da psicose. O sexo fode, mas a abstinência e a recusa compõem. Inventei esta lei da compensação. Vou registá-la antes que seja tarde. O resultado foi 2-0, mas ao contrário. Golos de calcanhar fazem-me sempre lembrar um argelino que conheci em Londres. Porque eu usava um cachecol do Porto, repetiu vezes sem conta o nome do Madjer, acompanhado do gesto de um coice. O Leonardo Cohen já pouco canta, mas encanta cada vez mais. Só precisava que ele me sussurrasse ao ouvido "...if you want to strike me down in anger, here I stand,I'm your man...". Apanhava o primeiro avião para o Canadá. Ficava lá até ser trocada por outra melhor. Não gosto nem nunca gostei de livros de mistério. Gosto que me expliquem ao que venho e ao que vou. Haverá alguém que o faça?

4 comentários:

  1. Muito bom!
    Gostei muito.

    Bj
    Anónima

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  2. Muito bom, o texto, e espero que o concerto também. Vi os dois anteriores, mágicos, a transmitirem uma estranha e bem-vinda sensação de tranquilidade, mas desta vez não consegui ir. Não havia vagar (leia-se €)...((

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  3. Muito bom o concerto. Quase quatro horas de boa música, apesar da voz do senhor já não ser igual. Ainda assim fiquei rendida.

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