quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Advertência: Esta história não tem titulo, mas contem linguagem menos própria.

É preciso fazer um trabalho na pior parvónia que rodeia a vossa metrópole. A vossa cidade é aquela que em tempos foi cosmopolita, mas que anda a transformar-se num vilarejo, a olhos vistos, pelo que comparativamente já podem imaginar as características do local do vosso desterro. Mas pronto, vocês são pessoas que estão sempre disponíveis para contribuir para que se atinjam os objectivos da vossa equipa (ou então são uns lorpas do caralho), e portanto acedem,sem grande resistência, a tratar do assunto. Durante três dias são encerrados numa espécie de galeria comercial de terceiro mundo, de onde só saem durante cerca de meia-hora, para comer uma merda qualquer que lhes vai arruinar a dieta e dar cabo do sistema digestivo. Para juntar a essa festa , nos três dias de exílio, necessitam de sair de casa uma hora mais cedo do que é habitual, para poderem começar a trabalhar a horas decentes e aproveitarem minimamente o dia, uma vez que para se deslocarem para o filho da puta do local, que fica a uns míseros 20 quilómetros de vossa casa, demoram mais de uma hora. Consequentemente chegam a casa também uma hora mais tarde e de tal forma estafados que apenas querem dormir. Durante o dia, aturam todo o tipo de imbecilidades e faltas de educação que possam imaginar, mas ainda assim persistem com um sorriso nos lábios. Durante os três dias, avisam várias vezes que o objectivo que vos propuseram não será cumprido e o produto final não estará pronto a tempo, porque a matéria prima que está ao dispor não é suficiente e está parcialmente estragada. Chegam ao fim do terceiro dia e mais uma vez informam que a tarefa está inacabada. É então que alguém com suposta responsabilidade vos diz que a culpa daquele resultado é vossa porque vocês são uns incompetentes, porque se preocuparam em cumprir com rigor os preceitos da vossa actividade e porque estão muito apegados às regras deontológicas que regem a vossa profissão. Vocês ainda pensam em ripostar, mas resolvem apresentar com classe os números relativos à tarefa e deixar no ar a ideia que querem que se foda se está ou não feito ou cumprido, porque sabem que o que fizeram foi bem feito e que há princípios dos quais não abdicam. Metem-se no carro e só vos lembra de se auto-amaldiçoarem porque não resistiram e já viram todos os episódios do Episodes e não sabem muito bem o que vão arranjar para dar cabo do mau humor instalado. Eis senão quando chegam a casa e percebem que na vossa vida há um daqueles cabrões que se "acham", e com quem vocês querem estar zangados, mas que têm a exclusividade nisto que é a capacidade de os pôr a rir à gargalhada. Eis que num segundo perdem tudo, o mau humor, o orgulho e  a pouca compostura que ainda lhes restava.


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