sábado, 5 de maio de 2012

As (in)certezas da vida.

"Em certos dias, parecia-lhe que o que acontecera tinha a ver, de qualquer modo, com o famoso dilema que consiste em saber se o amor deveras existe ou é apenas uma chama doentia, uma alucinação recente aparecida na Terra há apenas cinco ou seis milénios, e da qual ainda se ignora se o planeta vai assimilá-la definitivamente ou rejeitá-la como a um corpo estranho.
O alarme soara a propósito da diminuição da camada de ozono, do avanço do deserto, do terrorismo, mas ninguém ainda se preocupara com a fragilidade do sentimento amoroso."

Ismail Kadaré - O Acidente. pp. 42

4 comentários:

  1. Este pedaço e a tirada do nosso amigo comum sobre o "para sempre" das mulheres é todo um programa. Relacioná-los já me fez dar umas gargalhadas, calcule.
    Como sou preguiçosa, deixo-lhe o que as divagações me sugeriram.
    O pianista é o Nikolai Lugansky:

    http://www.youtube.com/watch?v=acVODwPb1G8

    Maria Helena

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  2. O Ismail Kadaré é delicioso. Ando tentada a lê-lo de rajada. Conhece, claro.

    (Com o nosso amigo comum eu concordo na totalidade. As jóias são para a vida. Nunca tive, sequer em pensamento, a tentação de devolver uma que fosse. Era disso que ele falava, não era?)

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  3. Do Kadaré só li Um jantar a mais e recomendo. Muito bom.

    E, sim. Da mesma maneira que é dificílimo tocar este Prelúdio, nem todos sabem o valor da jóia que usam e trocam-na por um qualquer pechisbeque reluzente.

    Mas que me divirto imenso lá, confesso que sim.

    Maria Helena

    Maria

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  4. Vou procurar. Entretanto recomendo-lhe o Abril despedaçado. É sem dúvida uma das melhores leituras que fiz nos últimos tempos.

    E tem razão. A maior parte das coisas que o homem escreve são hilariantes.

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