segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Vamos brincar #2
Sempre delirou com as histórias que o pai lhe contava quando era criança. Invariavelmente, a hora do conto terminava com um choro copioso, produto do trágico fim que ele imprimia às narrativas, e com o ralhete da mãe a ambos, a ela porque pedia sempre mais, a ele porque a fazia sempre chorar. Mas o que realmente a deliciava era a capacidade que ele tinha de misturar os personagens das diferentes histórias em relatos que tinham tanto de incoerente como de entusiasmante. Foi com ele que aprendeu que nem sempre as coisas são como deveriam ser, e que por vezes é melhor que assim seja. Foi com ele que desenvolveu esta sua capacidade de criar universos alternativos nos quais se refugia quando a realidade se torna insustentável. É graças a ele que hoje encarna histórias de encantar, onde convivem pinóquios e bonecas bailarinas de porcelana, que juntos, nos parcos momentos em que ganham vida, se envolvem nas mais atrevidas diabruras, pois é apenas a perspectiva de alguns momentos de recreação, o que os consegue fazer sobreviver aos longos e entediantes períodos de inacção.
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