sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Amanhã é uma nova noite.


Acordei devagar, sem as pressas dos dias de trabalho, como se o meu relógio interno soubesse, ainda antes destes começarem, quais os dias em que me é permitido todo o tempo necessário para despertar. Estiquei os braços num movimento de espreguiçar e senti a tua pele contra a minha. Olhei para o teu peito e vislumbrei os movimentos leves que uma respiração tranquila imprimia ao teu diafragma. Finalmente, o cansaço tinha vencido a teimosia, a promessa fora cumprida e o teu corpo abandonado na minha cama materializava o desejo formulado. Passei a minha perna por cima das tuas, enterrei os dedos nos pêlos que te cobrem o peito e cerrei os olhos, tentando de novo passar ao estado de sono. Não me apetecia descansar. A minha vontade era apenas a de repetir o acordar nos teus braços, uma e outra vez e mais outra e ainda uma mais. Entrei de novo no estado de semiconciência que precede o sono e deixei-me arrastar até ele suavemente, como se fosse carregada por uma brisa de verão. Subitamente, um som distante, um misto de música e zumbido, voltou a despertar-me no meio de sentimentos de confusão e vazio inexplicáveis. Olhei para o lado esquerdo e vi a luz do despertador a piscar. Olhei para o lado direito e vi um espaço desocupado. A memória temporal despontou anunciando que é sexta-feira. O tempo urge. É necessário que me levante da cama e cumpra os rituais diários. Mas não sem guardar a esperança que, no final do dia, a dupla inseparável Hipnos e Morfeu enfrente mais uma luta e com o seu poder supremo volte a aniquilar o impossível.

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