segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Maturidade

Ela podia ter ido. Tinha várias razões para ir. Até era suposto que fosse. Pelo menos, até a terem informado que já não tinha a obrigação de ir. Até porque, ninguém sabia que ela já não necessitava de ir. E ela podia bem ter feito de conta que não sabia que a tinham dispensado. Afinal, no mesmo momento que a dispensaram, acabaram por convidá-la a ir. Logo, ela tinha justificação para ir, aliás, tinha toda a legitimidade. Toda a gente concordaria com isso. Não haveria alguém que pusesse em causa a sua presença. E ela sabia disso. E mesmo assim não foi. Inventou deveres familiares e domésticos e maternais e outros afins e não foi. Convenceu-se de que seria melhor manter-se longe. Sabe que o confronto é iminente, que acabará por suceder mais cedo ou mais tarde, e que a sua probabilidade aumenta a cada dia, a cada hora, desde que um novo espaço foi ocupado em simultâneo. Sabe que bastará um cruzar de olhares para voltar ao início feliz e continuar até a um doloroso fim. Sabe que irá envidar todos os esforços para o adiar o inevitável até ao infinito, pelo menos, enquanto lhe for possível.

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