quinta-feira, 15 de setembro de 2011

E tu, tens a escola toda?

A opinião publica decidiu que a Iniciativa Novas Oportunidades não é mais do que um mecanismo de distribuição de certificados. Essa assumpção foi feita com base no diz que disse e na opinião de alguns puristas da educação que consideram que apenas se pode aprender na escola. Com base nisto, o país decidiu que a certificação por esta via é pouco ou nada válida e que tem como função apenas aumentar as estatísticas de escolarização do país, e que as pessoas que obtêm uma certificação por esta via são desprovidas de quaisquer conhecimentos ou competências. O país decidiu, está decidido.
Mas o que o país não sabe é que a Iniciativa Novas Oportunidades não se resume ao tão criticado processo reconhecimento, validação e certificação de competências - RVCC (sobre o qual haverá em breve outro post), mas engloba uma série de respostas de educação e formação diversificadas e adaptadas a diferentes necessidades de aprendizagem. O que o país não sabe também é que a escolha, por parte dos cidadãos, da resposta formativa que mais lhes convêm é feita no âmbito de um processo de orientação profissional, no qual são analisados em conjunto com um técnico os seus interesses, as suas competências, os seus projectos, as suas limitações, entre outros, e no qual é definido o percurso a seguir para que os objectivos que o cidadão traçou sejam alcançados, minimizando-se dentro da medida do possível o esforço despendido para tal, percurso esse que é flexível e adaptado a cada realidade. O que o país não sabe ainda, é que a Iniciativa Novas Oportunidades, com todo o mediatismo que lhe foi conferido teve a importante função de pôr as pessoas a mexer; a procurar; a querer saber do que se tratava; a querer seguir o vizinho do lado que também se inscreveu; a ser capazes de dizer que querem aprender sem se sentirem ridículas, porque afinal toda a gente anda a fazer o mesmo; a perceber que aprender pode compensar, nem que seja porque se passou a saber mais coisas; a saber que há um sítio chamado Centro de Novas Oportunidades, onde há outras pessoas como eles, mas com mais "estudos", que os ajudam a crescer como seres humanos. E isto, é apenas a ponta do cobertor que muitos dos que tiveram  oportunidade de estudar no devido tempo não querem destapar. E esses, os que criticam a Iniciativa, que olham com desprezo para os que a ela aderiram e através dela se certificaram, esquecem-se que, se efectivamente alguém andar a distribuir certificados, esse alguém são os técnicos que dirigem ou trabalham nos Centros de Novas Oportunidades. E esses, meus caros, andaram todos na escola até ao fim.

3 comentários:

  1. Eu, se bem percebi, as Novas Oportunidades estavam sustentadas numa filosofia muito louvável. Qualificar pessoas.Apaudi.

    O que julgo que se critica foi a adulteração que foi sofrendo. Uns , menos escrupuloso e com mais estudos, como refere e outros, como o Ministério que viu ali uma forma de propaganda para vender para dentro e para fora uns quaisquer números.

    É assim que leio este fenómeno como outsider. Leio mal?

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  2. A questão dos números não é como se põe. Havia e há objectivos como em tudo, mas nunca houve pressão para se fizesse um trabalho sem qualidade para os atingir. Muito pelo contrário. As instrucções eram sempre no sentido de que houvesse rigor nas intervenções. Acredito que possa ter havido gente com menos escrúpulos que não tenha cumprido os preceitos veiculados, mas quanto a isso há e haverá sempre quem funcione assim, até no ensino regular, seja em que nível for. Afinal, todos sabemos bem o que era necessário fazer na década de 80 e 90, para ter boas notas no secundário e entrar para a Faculdade. O grande problema que se põe, é que o esforço que milhares de pessoas fizeram para se qualificar é deitado por terra por vozes que dizem, alto e bom som, andamos a entregar certificados. Andamos sim, mas isso implicou um esforço grande quer de quem qualificou, quer de quem foi qualificado. E hoje, há gente que pode dizer, de consciência tranquila, "eu contribui para que a nossa população melhorasse os seus conhecimentos e competências". E eu falo com insider.

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  3. A questão dos números não é como se põe, não. A questão dos números é mesmo assim, e se em alguns Centros Novas Oportunidades Coordenadores, Directores e Técnicos fazem um esforço para manter a qualidade, mantendo os números (porque se não atingiram as metas físicas, o financimento diminui), uma grande percentagem de Centros, estão literalmente a "lixar" para a qualidade, desde que atinjam as metas que lhes são impostas. Há muitos bons técnicos por aí pressionados para certificar a qualquer custo, sob o risco de perderem o emprego. Em muitos Centros Novas Oportunidades certificam-se pessoas, seja nível básico ou secundário, como se poderiam vender sacos de batatas, o que importa é o lucro que se pode tirar daí.
    Infelizmente sei do que falo, infelizmente tenho que ouvir as barbaridades que se dizem por aí acerca deste programa. Felizmente trabalho num CNO e tenho a minha consciência tranquila, quem não tem competências não é certificado!

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