Tenho um amigo que não acredita em coincidências. Cada vez que lhe digo, que qualquer coisa aconteceu por acaso, começa a barafustar comigo e dá-me um sermão acerca das energias que nos guiam, da minha aura carregada e de como cada acontecimento está encadeado com o seguinte de forma predestinada. E eu reviro os olhos e tento mudar de assunto.
Se o meu amigo ler o que vou escrever de seguida, nunca mais vou conseguir atura-lo.
A noite começou animada, mas rapidamente se tornou aborrecida. Opiniões divergentes e vontades opostas geraram a discórdia. O cansaço de uma noite mal dormida, adicionado a um dia de problemas no trabalho e alguns quilómetros percorridos desconfortavelmente, deixaram-me sem paciência para discussões e sem vontade de ceder a caprichos. Por isso resolvi afastar-me e apanhar um pouco do ar fresco da noite. Comecei a caminhar sem saber muito bem para onde ia. Uma força exterior ao meu corpo impelia-me a colocar um pé à frente do outro. Uma voz baixinha sussurrava-me ao ouvido, que era aquela a direcção a tomar, e que era aquele o destino final da noite. Deixei-me guiar por ambas, pois inexplicavelmente, não me estava a ser permitido ter vontade própria.
Entrei no local indicado, sentei-me numa cadeira e pedi um café. O empregado, mal-humorado, serviu-me e voltou para trás do balcão. Bebi o café e fiquei imóvel, a observar as pessoas que me rodeavam. Um grupo de 4 amigos estava a jogar um jogo, um casal discutia, duas amigas dançavam…
De repente, algo que me captou a atenção. Ao longe, no outro canto daquele espaço, sob a luz fraca de um candeeiro, algo verde brilhava. Olhei em volta. As outras pessoas estavam envolvidas nas suas actividades. Ninguém tinha reparado no mesmo que eu.
Voltei a olhar. Percebi que os objectos eram duas esmeraldas, e que reluziam intensamente, poderosamente. Mas parecia que mais ninguém as via, que mais ninguém sentia o seu poder.
Compreendi então o porquê e o como da questão. Apenas eu poderia possui-las, mas no entanto, eram elas que já me possuíam, que me atraíam para si como um íman, e que não me deixariam sair daquele local sem as levar comigo.
Compreendi, então, que fora por sua causa, que percorri aquele caminho.
Compreendi, então, que naquele dia, àquela hora eram elas o meu destino. E deixei de acreditar em coincidências.
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