quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sem saber ler nem escrever.

-Tu pediste.
-Pois pedi.
-Então?
-Então, não esperava.
-Não esperavas? Mas se pediste.
-Pedi, mas pedi assim do tipo à espera de não ter, à espera de ser ignorada.
-Ah! À espera de ser ignorada! Hummm!
-Sim. Porquê?
-Porque sim.
-Porque sim  nada. Porque sim não é resposta.
-Pronto. Porque tu não me consentirias.
-Ah?
-Tu não consentes que te ignorem, e se o fizesse, enfurecia-te e dar-te-ia motivo para provocares o suicídio a um outro qualquer objecto que estivesse na minha posse.
-Olha! Até parece. E por falar nisso. Como está a coisa? Sobreviveu?
-Não mudes de assunto. Não esperavas e então?
-Então?
-Sim, então? (já estou a começar a perder a paciência)
-Então pronto. Queres mesmo saber?
-Queroooooo!
-Esperava uma coisa inócua, sem sentimento. Ou esperava que te desviasses do trilho do diálogo.
(sorriso)
-Não te rias. Sabes bem que nunca és efusivo nestas discussões.
-E desta vez fui?
-Foste.
-Oh! Não inventes. Fui o mesmo de sempre.
-Sabes, aquele foi um dos mais bonitos elogios que já me fizeram.
-Olha. A coisas sobreviveu, mas por favor, não voltes a tentar...

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