terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Gosto muito, mesmo muito, de quem me faz rir.

"No princípio era o verbo." Não. "No princípio era o verbo..." Sim. "No princípio era o verbo, o substantivo, o adjectivo, o pronome, a preposição. No princípio era o ponto final, o travessão, as aspas e os parêntesis, o ponto de exclamação..." Não. A verdade mesmo é que no princípio foi a virgula, aquela que seguia a condenação, que cortava o andamento. Sim, porque o princípio-princípio não foi bem no princípio, mas sim um bocadinho mais à frente, na virgula. Sem dúvida. A virgula ditou o principio, desbravou a selva, abriu o caminho. E agora que olho para trás, a virgula parece-me um pretexto. Aliás, para ser sincera, a virgula sempre me pareceu um pretexto. Mas um pretexto daqueles bons, bem disfarçados, com tanta autoridade que nos leva a dizer: "- Hummm! Isto parece-me um pretexto, mas às tantas, se calhar, até nem é, às tantas era melhor ponderar sobre o assunto e verificar se necessita de uma efectiva intervenção, porque apesar de isto parecer mesmo um pretexto, também pode ser que não seja, e portanto é melhor ver da sua legitimidade." Vê lá tu. Tão bom que era, que até deu origem a uma questionamento de três linhas. Pois. E já agora! A virgula foi ou não pretexto? É que agora que escrevo sobre isso, verifico que ainda mantenho a dúvida, que nunca te perguntei. Mas agora que escrevo sobre isso, reparo que estou a marimbar-me, que nem sequer tenho curiosidade em saber, que mesmo que o móbil do questionamento da virgula tivesse sido menos honesto, o efeito, esse, não poderia ter sido mais nobre.

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