quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tudo o que é pequeno tem graça.



"...que um grande amor, não é
coisa pequena
que nada é maior que amar."

Coisas pequenas - Madredeus

O chá deve ser sempre bebido em boa companhia*

Há coisas perfeitamente inúteis que tem montanhas de piada. Esta é uma delas. 



* (ou, Cá em casa, no Natal tal como nos outros dias, não há monotonia.)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

180 dias de inverno



Volto a ouvir o Elvis Costelo e fico com a sensação que ele se adere como um velcro à memória que tenho da tua presença.  Sinto o corpo a esvaziar-se da energia necessária para viver todos os dias. A escassez de recursos, apregoada em todos os meios de comunicação, entranhou-se-me nas células que decidiram entrar em greve e se recusam a transformar nutrientes em força vital. Sinto necessidade de poupar o pouco que me resta. Faço uma lista e começo a desligar, aos poucos, tudo o que me consome. Tu vens já a seguir.

O amor no Natal


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim...*

Da minha mãe veio o gene da generosidade, que nela se encontra exacerbado até ao infinito, de tal forma que a torna capaz de dar a camisa que traz vestida mesmo a quem não a trata com a cordialidade que merece. Do meu pai herdei a convicção arreigada de que acima do eu nada existe e que, lado a lado com ele, apenas convivem aqueles que por decreto ele jurou proteger. A mistura resultou num cocktail que não raras vezes consegue harmonizar-se com o mundo, e que propicia a aceitação de diversas posições face ao binómio altruísmo-egoísmo, desde que as mesmas comportem alguma flexibilidade e capacidade de escutar e aceitar o outro. Nesses casos, a herança materna salta para a arena e a capacidade de me dar torna-se quase inesgotável. Para os discursos fundamentalistas reservo a visão egotista que o meu pai tão carinhosamente me ofertou, coloco um sorriso nos lábios, mando o sujeito discursante para o "raio que o parta" e abandono a discussão.
Assim por assim, a tolerância às posições extremas está apenas reservada para os progenitores. Afinal, em última instância, foram eles os ilustres criadores.


* Modinha para Gabriela - Gal Costa

Perdoa-me lá o plágio, ó Godinho.

Esta será recordada como a semana antes do Natal em que uma caneta preta, grossa, daquelas para escrever em acetatos começou a fazer riscos indeléveis em cima de palavras, em que o novo ano, o ano da ausência, começou mais cedo, em que a fénix já não renascerá das cinzas porque desperdiçou a última vida. Esta será recordada como a primeira semana do resto da tua vida.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Só faz falta quem está

Explica, àqueles que ainda não perceberam mas também não desistiram, que a rudeza que por vezes lhe invade o trato não é mais do que o contrapeso da generosidade que a caracteriza, e que é no equilíbrio entre ambas que se mantém funcional o seu sistema emocional. Explica que é necessário dar-lhe tempo para que o contra ciclo entre em funcionamento e o mais esperado possa emergir de dentro de si. Explica que aqueles que tiverem paciência serão os recompensados.

domingo, 18 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Eu não posso ir a lado nenhum #2

No meio anamnese e da explicitação da sintomatologia associada a uma gastrite crónica superficial, dou comigo a discutir as propriedades gastronómicas do queijo da ilha de S. Jorge e dos enchidos de Trás-os-montes, assim como do melhor vinho tinto para acompanhar cada um deles.
Com este nível de conversas, estou a um passo de me tornar hipocondríaca.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O sol também nasce para quem anda nas nuvens



Einsteigen bitte

Recebe-nos de braços abertos e com o coração nas mãos. Pede-nos para a percorrermos, centímetro a centímetro, premiando a nossa obediência com pequenos tesouros que esconde dos olhos menos atentos. Arrebata-nos com a grandiosidade dos seus marcos e comove-nos com a opulência dos mais ínfimos pormenores. Não nos conquista pela beleza, que quase poderemos dizer que é banal. Cativa-nos pelo suave aconchego que, desinteressadamente e sem pressas, nos cola à pele e aos sentidos.
Mais do que tirar a respiração, Berlim consegue pôr-nos a respirar mais devagar.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Chamem-me parola à vontade...

...mas esta continua a ser a minha música de Natal.

Definições

Vivo a minha vida à boleia dos pretextos. É sempre necessário mais um para que algo aconteça, para que o passo seja dado. Mas depois, posta em movimento a engrenagem, já nada a faz parar. Não sou pró-activa, sou simplesmente activa.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os meus vizinhos velhotes andam ali a ameaçar-se de tiros de caçadeira

Num esforço para compreender os pontos de vista alheios, persisto em escutar atentamente até ao momento em que o cansaço provocado pelos discursos egocêntricos me vence. Nessa altura, adquiro um género de surdez histérica e passo a ouvir apenas música na minha cabeça. Trálálá. Trálálá...

O John Huston já tinha feito bem melhor

Prefiro um Cronenberg atormentado, atento ao mais ínfimo pormenor da construção das personagens, obsessivo com  rigor das metáforas e das ambiguidades e mestre na manuseio das imagens (ao ponto transformar as manchas de humidade em potenciais placas Rorscharch), a este David totalmente resignado, pouco rigoroso na estruturação das figuras, descuidado com a fotografia e incapaz de aludir ao simbólico. Gosto da memória que tenho do Cronenberg. Não gosto daquilo em que ele se tornou.

... now I take Berlim.


"They sentenced me to twenty years of boredom
For trying to change the system from within
I'm coming now, I'm coming to reward them..."

Leonard Cohen - First we take Manhattan

domingo, 4 de dezembro de 2011

Tudo serve de desculpa.

Em frente à televisão, a ver uns episódios da Anatomia de Grey, num daqueles canais por cabo, percebo que apanhei a história a milhas de distância do momento em que a deixei. Não sei o que aconteceu aos personagens entretanto, mas estou a diverti-me à grande a imaginar. A coerência temporal das narrativas é definitivamente o pormenor menos importante.

Amor #2

Reconciliei-me ao fim de quase 6 anos de desculpas esfarrapadas e de manobras de fuga aos meus deveres de acompanhamento e vigilância, para os quais encontrava sempre um substituto à altura, que me livrava das duas horas que antecipava como um massacre à boa utilização do meu tempo.
Reconciliei-me ontem quando, à força da falta de alguém que fosse no meu lugar, te acompanhei a contragosto e de mau humor, esperando que o tempo corresse rápido e sem dor.
Reconciliei-me um pedacinho quando me entreguei ao espaço e dei conta que a zanga não se tratava de mais do que uma birra datada dos tempos da pré-adolescência,  provocada pelo tempo de antena que era ocupado na televisão, no período natalício.
Reconciliei-me definitivamente, quando senti o teu riso sonoro entrar-me pelos ouvidos, e dei por mim a rir contigo à custa das piadas simplistas, ou quando murmurámos Ohs! de espanto em sintonia, cada vez que os artistas temerários arriscavam uma proeza mais audaciosa.
Reconciliei-me enfim, porque não poderia deixar de o fazer, porque não consigo ficar zangada com o que te faz feliz.
Reconciliei-me de vez, e no próximo ano quero voltar ao Circo, contigo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

És teimosa como uma mula.

Comprei-o pela terceira vez, a preço de saldo, que é como quem diz mais barato que um bilhete de cinema, na versão original e em tamanho pequeno. Entro na corrida com atraso, mas com a certeza que chegarei à meta vencedora. No final, afirmarei com propriedade: "- Foi feito em termos!"

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Círculos viciosos

No período de um ano, a história deu uma volta completa e retornou ao seu início. Num mesmo espaço, os personagens principais repetiram os mesmos rituais. Por desleixo, deixaram a Zubrówka chegar ao fim e tiveram que recorrer a Siwucha para atear o lume. Iniciaram um novo ciclo. Sabem que o caminho não poderá ser percorrido de forma igual. Descobriram que os pormenores determinam a diferença.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Kanye rules in the West

Era suposto ser um momento de entretenimento

Sem paciência para um mundo de imbecis que chegam tarde ao cinema e ainda se põem a discutir com quem está sentado quieto e direito no lugar que lhe foi atribuído. Sim, porque de certeza que se eles não têm lugar livre, a culpa é da gaja que está sentada sozinha e até lhes mostrou o bilhete que estava de acordo com a cadeira em que se sentou, e não dos outros anormais que tal como eles também não conhecem as letras nem os números. Bem, às tantas até têm razão. Quem manda à gaja ser idiota e ir ao cinema na véspera de feriado à noite?