Desabotoa-me o peito!
Desabotoa-o! Sim!
Eu sou um daqueles modelos antigos,
do tempo em que o corpo era feito à mão, imperfeito,
do tempo anterior ao velcro e ao fecho eclair,
do tempo em que o tempo vinha ora em demasia, ora rarefeito.
Desabotoa-me o peito!
Desabotoa-o! Sim!
Com a ânsia de um jovem enamorado
que pela primeira vez despe a mulher que ama,
e que trémulo dos pés à cabeça,
sente as entranhas e a ponta dos dedos em chama.
Desabotoa-me o peito!
Desabotoa-o! Sim!
Com a subtileza com que a gueixa,
minuciosamente cumpre o ritual do chá.
Com a paciência com que o velho
acorda para o novo dia, pela manhã.
Desabotoa-me o peito.
Desabotoa-o! Sim!
Espreita -lhe para o interior, e com as mãos,
sente as batidas do músculo em convulsão,
aparta-o da matéria viscosa que o envolve e retira-o,
para depois o abrigares junto ao teu coração.
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