terça-feira, 19 de outubro de 2010

Adeus

Dei por mim a preparar criteriosamente a roupa que vou vestir amanhã. Cada pormenor foi escolhido com minucia para que, no final, o conjunto esteja a raiar o perfeito. Amanhã será a prova de fogo. Estarei, de novo, algumas horas à sua frente. E durante esse tempo, farei tudo para que ele me percorra com os olhos, e deseje cada pedaço de pele que calculadamente deixarei a descoberto. Vou sorrir-lhe, desafiá-lo com palavras enigmáticas, fixar-lhe o olhar até à exaustão, incentivar-lhe os gestos de aproximação. Vou aumentar exponencialmente o seu querer, provocar-lhe a reacção que me convêm.
Enquanto isso, tu vais estar a procurar-me. Sem saberes o que me faz ausentar, vais procurar-me, mais uma vez, apenas nos locais óbvios.  Nos locais onde eu não estarei.
Porque amanhã, vou estar a cumprir a promessa que te fiz. Vou colocar-me em cima do pedestal que ele me erguerá e trancar-te no baú da minha memória. Naquele de onde nunca deveria ter-te deixado sair.

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