Aproximas-te devagar, sorrateiramente e fazes-me começar a desmancha-la.
Diriges-me palavras doces, gestos afectuosos.
Começo a esquecer-me de tudo o que já vivi. Tenho a memória de um colibri.
Aos poucos, a minha capa protectora derrete.
Sou um bloco de gelo. Tu és o meu sol.
Deixo-te aproximar demasiado. Começo a sentir o calor.
Recordo-me que não me queres para além da necessidade que tens de ser desejado. Por isso te aproximas. Por isso não nunca libertas totalmente.
Quando a muralha está vencida, atacas. Comparas-me. Diminuis-me. Ignoras-me. Mostras-me que sou nada, que para ti sou o vazio.
A minha pele começa a queimar, o teu veneno a circular-me nas veias.
Coloco de novo os tijolos. Quando amanhecer estará de novo formada a barreira que me protege. Então poderá repetir-se o ciclo.
Uma maravilha observar a força da fragilidade, dá-me para pensar o que seja a mar_av_ilha...
ResponderEliminarEncontrar nas palavras a língua, (a) dar a atenção à tua história, contá-la (ou lê-la), um mistério; um bom mister, ocupação, (a) voz dum búzio, na escrita. Bjs