segunda-feira, 11 de junho de 2012

O desencanto na palma da mão

Crês na magnitude dos fenómenos enquanto os observas à distância. Lá bem longe, tudo te parece enorme, pesado, avassalador, ainda que algo embaçado. Sentes uma vontade indominável de aproximação da grandeza, numa tentativa de, por osmose, também tu cresceres mais um palmo ou dois. Acreditas que a proximidade te permitirá a focagem nítida. Apanhada no logro da credulidade não resistes à aproximação. Na redução da distância vês horizonte a encolher. Tens plena consciência de que deverias dar meia-volta, virar costas, preservar a miragem, ainda que enevoada. Mas não. Continuas a percorrer o caminho da desilusão, até ao momento em que o mundo encolhe e passa a caber na cova que os teus dedos fazem quando fechas a mão. É nesse momento que rodas cento e oitenta graus e procuras novo colosso num outro ponto cardeal, teimando em continuar a não usar lentes de correcção.  E a cada dia que passa reparas que vês pior e pior "ao longe"

2 comentários:

  1. O truque é, estando num deserto, nunca deixar de beber a água de uma miragem. Sei do que é que estou a falar.

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  2. A parte melhor disto de se ter um blog é a surpresa de encontrarmos atrás do perfil do comentador algo que vale a pena ser visto/lido/observado. Obrigada por ter cá vindo e permitido que eu "a" descobrisse.

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