domingo, 25 de março de 2012

Uma manhã de domingo

Acordo, mais cedo do que deveria, com o patrocínio da vizinha de baixo que bate com as portas e grita com os cães. São 10 da manhã e as míseras 5 horas que dormi não chegam para atenuar a ressaca das três cervejas que bebi durante a noite. O estatuto de "amiga cool" que me foi conferido durante anos, quase à revelia da minha vontade, aniquilou a resistência das minhas células ao álcool e transformou todas as manhãs "a seguir" num estertor dilacerante. Exagero, é certo, mas a discussão em voz alta dos vizinhos do lado, potencia a minha já conhecida tendência para o excesso trágico-dramático. Tomo banho a custo, e depois de vestida com o primeiro trapo que me aparece, resolvo comer o pequeno-almoço no jardim. Empanturro-me de hidratos de carbono que, se não me atenuam os martelinhos que ainda tenho dentro da caixa craniana, pelo menos confortam o estômago e preparam-no  para a dose dupla de cafeína que lhes seguirá. Transporto comigo o portátil e sentada entre as almofadas, com o sol a aquecer-me o rosto e os pés, resolvo pôr em dia as leituras. Qual não é o meu espanto quando, a meio de um post, num dos blog que sigo com toda a atenção, tal é a qualidade, quer da escrita, quer das fotos que vão sendo publicadas, verifico que o mesmo é sobre uma Maria, uma mulher que tem o privilégio de ser única a ler as palavras do autor, uma mulher que ele descreve como perturbante, uma mulher que perturba, apenas porque perturbar lhe dá prazer. Releio as palavras escritas e aceno afirmativamente com a cabeça, concordando com cada uma delas. Questiono o mundo que me rodeia em voz alta:
- Serei assim tão transparente?

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