domingo, 4 de março de 2012
Puerilidades
Entro no carro mais pequeno, naquele que não gosto de conduzir, que apenas conduzo por imposição, porque me sinto dentro de uma caixa de fósforos e ligo a ignição. Movimento-me no modo piloto-automático que me caracteriza antes da primeira dose de cafeína começar a circular no sangue e atingir as sinapses. Não consigo vislumbrar a rua e percebo que a humidade da noite cobriu o para-brisas e imediatamente agarro o botão que comanda as escovas para me livrar da camada de gotículas de água que me impedem a visão. Antes de ter tempo de accionar o botão, o vislumbre de um pedaço de papel paralisa-me. Deixo escapar um palavrão em surdina, que a garota ouve e maquiavelicamente guarda para me cobrar mais tarde. Penso que o dia começa mal e que já me deram cabo do carro. Saio e agarro no pequeno recado que alguém colocou debaixo da escova esquerda. Dou a volta ao carro para avaliar o estrago e como não encontro qualquer mossa nova, abro o bilhete. Em segundos passo do sisudo aborrecimento, à espantada perplexidade e finalmente começo a rir à gargalhada. No pedaço de papel arrancado de um caderno de linhas, leio "Sou teu admirador, mas não me perguntes porquê." Penso de mim para mim que nem que quisesse muito perguntar, não saberia a quem. Penso de mim para mim que mesmo que soubesse a quem, não perguntaria. Respondo-lhe em silêncio que não necessito de perguntar, que já sei a resposta, que sou uma rapariga admirável.
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Ahah, os trintaeoito começam bem e prometem :D
ResponderEliminarAdmirável com certeza e inspiradora!
Adoro raparigas admiráveis! :))
ResponderEliminarBj
As comemorações dos trinta e oito atiraram a auto-estima para o tecto. Mas nada de preocupações, que isto passa já já. :-)
ResponderEliminarque coisa bonita:) que maneira boa de começar o dia. Adoro a simplicidade da vida em frases curtas e sinceras.
ResponderEliminarParabéns. Do lado de lá alguém observador, pesquisador, atento, simplesmente sensível...só pode :)
Do lado de lá alguém desconhecido. Para que se mantenha a magia da coisa, convém que assim fique.
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