quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fascínios

Acabada de chegar a casa, com o corpo cansado e uma dor de cabeça persistente, senti necessidade de vir aqui dar-te razão. Sim, estou a tratar-te por tu. À medida que o teu fim se aproxima, sinto que posso derrubar algumas barreiras e permitir-me esta familiaridade.
Tens razão. Nenhuma dessas coisas fascina uma Mulher. Faltou-te a maiúscula, mas esse é apenas um pormenor. Mas saberás tu o que nos fascina? Acredito que sim, acredito que conseguirás nomear algumas das coisas que nos deixam a rastejar. Mas não as saberás todas, por isso, desvendo-te esta, para que possas ensina-la aos teus netos.

Um telefonema que é feito exactamente às 8:59 da manha, na urgência de dizer um sim, que antes umas horas tinha sido um não. Dizerem-lhe que acordaram às 7:00, quando tinham adormecido depois das 2:00, sabendo ela que não tinham qualquer ocupação durante a manhã. Dizerem-lhe que não conseguiram dormir depois dessa hora, apesar das diversas tentativas. Esperarem pelas 8:59, para não a acordarem demasiado cedo. Perguntarem-lhe se o sim ainda iria a tempo. Explicarem-lhe que o não tinha sido obra de um cálculo matemático errado, apenas porque se esqueceram que o mês de Fevereiro tem apenas 28 dias em anos não bissextos. Esperaram com ansiedade pela resposta que ela teima em adiar. Sentirem um certo desconsolo porque a resposta dela foi pouco efusiva. Irradiarem felicidade ao ludibriar o mundo, para que a sua vontade seja satisfeita. Serem capazes de dormir ao som de um filme de animação, apenas após saberem que ela está feliz.

Tens toda a razão. Não são as encenações que nos fascinam, é a autenticidade.

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