quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A felicidade à distância de um olhar

Acabada de passar por uma porta aberta para o exterior, ouço um murmúrio e pressinto o que está iminente. Sem aviso prévio, um céu negro começa a despejar água com toda a fúria. Tenho urgência em chegar ao carro, que está a 100 metros de distância. Não tenho guarda-chuva ou impermeável que me proteja.
Começo a amaldiçoar tudo o que me rodeia. Amaldiçoo a chuva que não para de cair. Amaldiçoo o guarda-chuva esquecido no carro. Amaldiçoo o estacionamento distante. Amaldiçoo o frio... Começo a correr até ao carro. Fico com a roupa encharcada em água da chuva e com o humor tão negro como as nuvens que atapetam o céu.
Arranco com o carro, faço inversão de marcha, olho para cima e avisto-as, as sete. Vermelho. Laranja. Amarelo. Verde. Azul. Anil. Violeta. Formam um arco perfeito que toca a terra com ambas as pontas. Brilham, contrastam com o céu negro. Emanam uma energia grandiosa. Formam o mais belo e perfeito arco-íris já visto. Carregam um pote de ouro, a capacidade de me fazer sorrir, a capacidade de me fazer feliz.
Anseio por guardá-las na memória da minha câmara fotográfica. Não posso, não a tenho comigo. Peço aos deuses que as conservem inalteradas por mais alguns momentos. A minha súplica é ignorada. As nuvens começam a dispersar, deixando o sol aparecer por entre elas. O arco-íris começa a desvanecer até se apagar por completo.
Não consegui guardá-lo em filme. Guardo-o na memória dos meus olhos castanhos. Guardo-as neste lugar onde escrevo.

2 comentários:

  1. A gaita foi teres pedido aos Deuses! Não sabes que têm espírito de contradição?!

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  2. Contradizem, mas não conseguem ficar imunes aos pedidos dos mortais. Vê lá o rescaldo no post que se segue.

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