Uma das ironias da minha vida é um acontecimento que se vai repetindo volta e meia. Aos poucos, alguém que me é querido resolve que deve deixar-me para trás, resolve largar-me por entre os dedos e deixar-me ficar. Atribuo essa atitude ao facto de eu ser chata, de eu ser demasiado exigente com os outros, de eu não me contentar com migalhas do que quer que seja. E nem toda a gente tem paciência para aturar tal comportamento. Nestas alturas, pouco ou nada insisto para que me agarrem. Descobri já há algum tempo que, por muito que me percam, eu consigo sempre encontrar-me em mim. Por isso continuo o meu caminho, sem pensar muito no assunto. Mas no meio disto tudo há outra situação que se repete e que me baralha. A maior parte destas pessoas regressa qual filho pródigo arrependido, à procura da honestidade e lealdade que sempre lhes devotei e que resolveram desperdiçar, bradando aos céus sobre a falta que lhes fiz. E não compreendem que eu decline a sua companhia. Não compreendem que, por muito fácil que para mim seja deixar-me perder, o meu excessivo egoísmo não permite que eu me deixe reencontrar, até porque sei que, mais cedo ou mais tarde, voltarão a deixar-me na beira da estrada, entregue apenas a mim própria, com urgência de me voltar a achar.
* Música dos Santos e Pecadores e um dos meus GP
Sem comentários:
Enviar um comentário