sexta-feira, 6 de abril de 2012

Havia necessidade?

Entram a gritar com o mundo e comigo, como se o ruído que fazem resolvesse a precariedade instalada. Depois de permitir um ou dois minutos de algazarra, com alguma paciência, apresento os meus argumentos, numa tentativa habitualmente vã de que me escutem em sossego. Continuam a vociferar impropérios da mais diversa ordem. Ainda em voz baixa, que a minha voz aguda soa como um cacarejo quando a elevo, incito-os a que baixem o tom de voz, habitualmente sem sucesso. Repito a sugestão, desta vez de forma um pouco mais impositiva, acrescentando com a expressão facial mais neutra que me assiste, que não gosto que me gritem, pelo que só continuaremos a conversa se falarem baixo. O espanto causado por tal atrevimento cala-os e permite-me apresentar os argumentos que confirmam sempre que a razão está do meu lado. Já em sossego, e enquanto exponho as alternativas que têm à disposição, vão acenando com a cabeça em sinal afirmativo, mostrando-se na disposição de pôr em prática qualquer sugestão que lhes seja dada. Quando dou por terminada a interacção, agradecem e abandonam o espaço despedindo-se com toda a amabilidade e sussurrando um "Até breve!". São homens que não sabem senão mandar. São homens que se despem de todo o autoritarismo, e se deixam cobrir com o manto da submissão, sempre que encontram uma mulher que não se deixa dominar.

2 comentários:

  1. Já estava cansada do preto. O fundo foi-me oferecido por um artista espanhol que me é muito querido. :-)

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