segunda-feira, 11 de julho de 2011

Exorcismo à caixa de rascunhos #2

"Quero contar-te uma coisa. Provavelmente já percebeste isto sozinho, mas mesmo assim preciso de o dizer. Preciso que o oiças da minha boca, ou melhor, que o leias da ponta dos meus dedos. Tenho um grave problema. Não sou capaz de guardar segredos. Não estou a falar dos segredos que me confiam. Esses, guardo-os a sete chaves e recuso-me a revelá-los, mesmo até a quem me é mais íntimo. O meu ponto fraco não é os segredos dos outros. O meu calcanhar de Aquiles são os meus segredos. Não consigo mantê-los muito tempo escondidos. Tenho necessidade de os dizer. Sou demasiado transparente e não sei esconder o que me faz rir, chorar, vibrar ou sossegar. E quando me perguntam o que quer que seja, dificilmente consigo responder com algo que não seja a verdade, mesmo que a verdade seja algo que deveria ser ocultado dos ouvidos indiscretos. E sabes porquê? Simplesmente porque sei que a realidade só deixa de ser sonho quando é gritada bem alto."


(e o sonho desvanece-se quando teimamos em calar o grito na garganta)

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